Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa encerrou em forte alta e elevado giro financeiro nesta quinta-feira, com compras generalizadas após o Banco Central anunciar corte mais acentuado na taxa básica de juro, o que, segundo operadores, deve beneficiar as empresas endividadas e incentivar o consumo.
O Ibovespa subiu 2,41 por cento, a 63.953 pontos, maior patamar de fechamento desde 8 de novembro do ano passado. Na máxima da sessão, avançou 3,04 por cento, superando os 64 mil pontos. O giro financeiro totalizou 10,8 bilhões de reais, bem acima do volume médio diário de 5,8 bilhões de reais em 2017 até a véspera.
O índice atingiu a máxima do ano poucos minutos depois da abertura, mas não conseguiu se sustentar acima dos 64 mil pontos. "Após o volume da abertura e aquela puxada inicial, o mercado ficou meio de lado, patinando", afirmou o economista-chefe da Infinity Asset Management, Jason Vieira.
Após dois cortes de 0,25 ponto percentual, um em outubro e outro em novembro, o Copom acelerou na véspera o ritmo de ajuste da Selic, reduzindo em 0,75 ponto percentual a taxa de juro, para 13 por cento ao ano.
A decisão surpreendeu participantes do mercado que previam um corte menos acentuado, de 0,5 ponto percentual. Minutos após o comunicado, Bradesco (SA:BBDC4) e Banco do Brasil (SA:BBAS3) anunciaram redução das taxas para clientes.
Vieira observa que, além de incentivar o consumo, a queda do juro ainda favorece os esforços das empresas de reduzir o endividamento e, por isso, reflete positivamente em quase todos os setores. "Até os papéis defensivos, como as elétricas, estão subindo", disse.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) fechou em alta de 2,54 por cento, dando sustentação ao Ibovespa, dado o seu peso na composição do índice. BRADESCO PN ganhou 2,35 por cento e BB ON subiu 2,53 por cento. SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) avançou 5,02 por cento.
- CEMIG (SA:CMIG4) PN disparou 12,06 por cento, liderando as altas do Ibovespa, beneficiada pela decisão do Copom, assim como Eletrobras ON (SA:ELET3), uma vez que são papéis com dívida bastante exposta ao comportamento dos juros.
- BR MALLS ON saltou 8,51 por cento, uma vez que também figura entre as principais beneficiadas pela queda da Selic. Segundo operadores, a administradora de shopping centers ainda reagiu às mudanças no conselho de administração. Na véspera, a empresa comunicou a renúncia de Carlos Medeiros Silva Neto ao cargo de conselheiro para se dedicar exclusivamente à posição de diretor presidente, o que foi considerado "positivo" pela equipe de análise do Bradesco BBI do ponto de vista da governança corporativa.
- VALE PNA teve ganho de 2,12 por cento, enquanto VALE ON subiu 3,23 por cento, acompanhando os preços do minério de ferro, que subiram pelo quarto dia consecutivo na China. O setor de siderurgia pegou carona no movimento, ajudado ainda por expectativa de que a redução da Selic deve beneficiar empresas alavancadas como a CSN (SA:CSNA3) ON , que subiu 4,47 por cento. USIMINAS (SA:USIM5) PNA avançou 2,48 por cento e GERDAU (SA:GGBR4) PN 1,59 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) termimou em alta de 1,53 por cento e PETROBRAS ON ganhou 1,66 por cento, tendo no radar o impacto positivo do corte de juro sobre o endividamento da estatal, a firmeza das cotações do petróleo no mercado internacional e a notícia de que a petroleira atingiu a meta de produção pelo segundo ano consecutivo.
- FIBRIA ON recuou 1,26 por cento, entre as poucas quedas do Ibovespa, acompanhando outras exportadoras em meio à queda do dólar ante o real. A ação, porém, encerrou longe da mínima após anúncio de novo aumento de 30 dólares no valor da tonelada vendida para América do Norte, Europa e Ásia a partir de 1º de fevereiro. "Tudo indica que vem mais aumento de preços nas próximas semanas", comentou o analista Leonardo Correa, do BTG Pactual (SA:BBTG11), em nota a clientes.