SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa subia forte nesta terça-feira, apesar de cautela no exterior, à medida que agentes financeiros monitoram a esperada votação da PEC da Transição na Câmara dos Deputados e relatam esperança de que o texto possa ter seu impacto fiscal reduzido.
A menor liquidez devido à proximidade dos feriados de final de ano tende a tornar os movimentos mais acentuados na bolsa.
Vale e Bradesco puxavam a alta, em nova sessão de disparada também das ações de varejo, enquanto Suzano (BVMF:SUZB3) estava na ponta oposta.
Às 12:15 (de Brasília), o Ibovespa subia 2,35%, a 107.205,28 pontos, estendendo ganhos após a alta de quase 2% da véspera. Na máxima o índice subiu a 107.600,68 pontos, e, na mínima, caiu a 104.606,87 pontos. O volume financeiro somava 9,3 bilhões de reais.
A previsão de votação da PEC da Transição na Câmara ganhava os holofotes, após decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) bagunçarem o tabuleiro político em Brasília nos últimos dois dias.
No domingo à noite, o ministro do STF Gilmar Mendes concedeu liminar que retira o Bolsa Família da regra do teto de gastos, enquanto os ministros da corte decidiram na véspera contra o chamado orçamento secreto.
Ainda que os impactos dessa medida na tramitação da PEC estivessem incertos, agentes financeiros mostravam esperança de que o texto possa ser desidratado, o que impulsionava o Ibovespa nesta manhã.
"O que está animando mesmo são os rumores de que a PEC será desidratada em valor e tempo", disse Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão de recursos na Nova Futura.
Ainda na cena local, notícias sobre potenciais nomes cotados para a equipe econômica no novo governo também estavam em foco, segundo agentes financeiros, após Haddad dizer na véspera que deve concluir a composição da equipe nesta semana.
Em Wall Street, os principais índices acionários tinham pouca variação, digerindo ajuste inesperado do banco central do Japão em seu controle de rendimento de títulos, permitindo que as taxas de juros de longo prazo aumentem mais.
"Essa medida do BOJ pode fazer com que o único banco central relevante que não estava endurecendo a política monetária tenha se juntado ao coro", disse a Levante Investimentos.
O S&P 500 subia 0,1%.
Destaques
- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) disparava 10,34%, a 2,88 reais, VIA ON (BVMF:VIIA3)saltava 10,36%, a 2,45 reais, e AMERICANAS ON (BVMF:AMER3) ganhava 9,9%, a 9,1 reais, estendendo movimento de forte alta visto na véspera em papéis de empresas ligadas ao consumo. NATURA&CO ON. (BVMF:NTCO3) exibia avanço de 10,16%, em sua segunda sessão positiva em sequência depois de oito quedas seguidas. Juros futuros tinham nova sessão de baixa, o que contribuía para o movimento em ações de varejistas.
- VALE ON (BVMF:VALE3) mostrava avanço de 1,27%, a 86,45 reais, após os contratos futuros de minério de ferro subirem na Ásia depois de liquidação na segunda-feira. O contrato para maio mais ativo em Dalian aumentou 0,2%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) crescia 1,3%, a 22,67 reais, diante de alta de cerca de 0,8% do petróleo tipo Brent no exterior e à medida que investidores aguardam por mais informações sobre a estratégia do novo governo com relação à estatal.
- MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) caía 0,87%, a 6,89 reais, após três altas seguidas. A ação estava entre as poucas quedas do Ibovespa na sessão.
- AZUL PN (BVMF:AZUL4) elevava 8,4%, a 10,58 reais, e GOL (BVMF:GOLL4) PN expandia 8,95%, a 6,82 reais, diante da queda do dólar, que favorece as aéreas, e mesmo em meio ao segundo dia de greve parcial de pilotos e comissários em alguns dos principais aeroportos do país.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) subia 2,34%, a 24,96 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) aumentava 4,51%, a 14,84 reais, em nova sessão positiva para grandes bancos.
- GERDAU PN (BVMF:GGBR4) avançava 3,29%, a 30,73 reais, após o presidente do Inda, Carlos Loureiro, dizer que a empresa está planejando elevar os preços de aços planos no Brasil ao redor de 12,5% no início de janeiro. Siderúrgicas, em geral, tinham sessão positiva.
(Por André Romani)