Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com um avanço discreto nesta segunda-feira, marcada por dados mostrando uma recuperação econômica frágil na China, o que pesou sobre ações como Vale, enquanto a forte desaceleração da atividade brasileira revelada pelo IBC-Br reforçou apostas de um corte da Selic no próximo mês.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,43%, a 118.219,46 pontos, após atingir 118.302,34 pontos na máxima do dia e 116.591,12 pontos na mínima. O volume financeiro somou 18,4 bilhões de reais.
A melhora no pregão brasileiro foi patrocinada particularmente pela alta das ações de bancos, com profissionais do mercado citando expectativas relacionadas aos resultados, além de um sentimento mais positivo com o setor após balanços robustos de bancos norte-americanos na semana passada.
Ações cíclicas domésticas também experimentaram recuperação, após ajustes negativos marcarem a primeira quinzena do mês, tendo de pano de fundo a contração do IBC-Br, sinalizador do PIB calculado pelo Banco Central, que trouxe alívio na curva de juros futuros e reforçou expectativas de queda dos juros.
"Embora um corte na taxa básica de juros seja amplamente esperado em agosto, acreditamos que os dados de hoje reforçam nossa visão de um corte de 50 pontos-básicos", afirmou o Bank of America (NYSE:BAC) em nota a clientes.
No exterior o PIB chinês cresceu 6,3% no segundo trimestre na base anual, ante 4,5% nos três primeiros meses do ano, mas abaixo da previsão de economistas de expansão de 7,3%. Números do mês passado corroboraram a percepção de que a segunda maior economia do mundo perdeu força.
De acordo com o analista da Ouro Preto Investimentos Sidney Lima, o noticiário da China trouxe um sentimento negativo no começo da sessão, pressionando papéis como o da Vale. Ele observou que o desempenho de bancos deu apoio à reação, mas ressaltou que persiste a cautela com o ritmo da economia global.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 0,39%, o que também forneceu algum suporte ao pregão brasileiro, com a temporada de balanços norte-americanos no radar.
Destaques
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) avançou 1,94%, a 28,83 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) subiu 1,59%, a 16,6 reais, enquanto SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) foi o destaque do setor, avançando 2,15%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) fechou em baixa de 0,21%, a 28,99 reais, em meio ao declínio dos preços do petróleo no exterior, embora tenha terminado distante da mínima do dia, quando cedeu a 27,95 reais. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou à Reuters que o novo plano estratégico da companhia para o período de 2024 a 2028 deverá prever um aporte semelhante ao atual (2023-2027), de cerca de 78 bilhões de dólares, tendo como novidade um olhar para a transição energética.
- VALE ON (BVMF:VALE3) caiu 1,11%, a 67,85 reais, na esteira da queda dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 0,9%. A empresa divulga na terça-feira, após o fechamento do mercado, relatório de produção e vendas.
- ALPARGATAS PN (BVMF:ALPA4) subiu 2,41%, a 8,91 reais, em sessão de ajustes, após recuar 6,45% nas últimas semanas, depois de ter caído quase 11% no acumulado de junho. Outros papéis cíclicos domésticos, sensíveis à taxa Selic, também experimentaram recuperação no dia.
- EZTEC (BVMF:EZTC3) ON valorizou-se 2,07%, a 19,74 reais, tendo como pano de fundo prévia operacional com 474,5 milhões de reais em lançamentos no segundo trimestre (VGV), bem como vendas brutas de 897 milhões de reais no primeiro semestre.
- BRF ON (BVMF:BRFS3) perdeu 2,7%, a 8,66 reais, com a perda desde a precificação de sua oferta de ações no último dia 13 ao redor de 9%
- LOCAWEB ON (BVMF:LWSA3) recuou 1,67%, a 7,66 reais, renovando mínima intradia desde maio. Analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) esperam um resultado fraco para a companhia no segundo trimestre, com receita consolidada de 315,9 milhões de reais.