SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa voltou a subir nesta quarta-feira, renovando máxima histórica pelo terceiro pregão seguido, com a visão de recuperação de força ao governo para avançar na agenda de reformas voltando a crescer, apesar de alguma cautela após o presidente Michel Temer voltar a ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Ibovespa fechou em alta de 0,33 por cento, a 74.787 pontos, renovando a pontuação máxima histórica. O giro financeiro do pregão somou 11,41 bilhões de reais, em sessão marcada por vencimento de opções de Ibovespa.
O índice trocou de sinal algumas vezes no pregão, indo de queda de 0,46 por cento a alta de 0,82 por cento na máxima, reagindo ao noticiário político.
"O mercado vai melhorar mais. O que emperra é a política, as denúncias, mas a economia anda bem", disse o gestor da mesa de ações da corretora Coinvalores Marco Tulli Siqueira.
Na véspera, o ministro do STF Roberto Barroso abriu um novo inquérito contra Temer. Nesta tarde, os ministros do STF votaram por unanimidade para rejeitar o pedido da defesa de Temer de afastar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de investigações contra o presidente.
No entanto, segundo operadores, uma eventual nova denúncia de Janot contra Temer virá enfraquecida após a abertura de investigação e prisão de delatores da J&F, controladora da JBS.
À tarde, a notícia de que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, poderia ser candidato à Presidência em 2018 fez o índice subir mais. O ministro, no entanto, negou que seja pré-candidato, após o líder de seu partido, o PSD, na Câmara, Marcos Montes (MG), afirmar que ele recebera com "entusiasmo" o convite da bancada para disputar o Palácio do Planalto.
DESTAQUES
- JBS ON (SA:JBSS3) subiu 2,35 por cento, após a Polícia Federal ter prendido pela manhã o presidente-executivo da empresa, Wesley Batista, como parte de investigação sobre uso de informação privilegiada para obter lucro no mercado financeiro. Segundo operadores, as prisões de executivos ajuda a afastar a família Batista do comando da empresa, abrindo espaço para melhora na condução dos negócios. No início do pregão, a ação chegou a cair 1,73 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subiu 1,08 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) teve alta de 1,82 por cento, em dia de alta do petróleo. Planos de mudança no perfil de dívida da empresa também estavam no radar, além do anúncio de que a petroleira vai pagar 1,4 bilhão de reais no primeiro ano de equacionamento de déficit do Plano Petros. Segundo analistas da Coinvalores, esse déficit já está contemplado e não impacta o resultado de 2017.
- VALE ON (SA:VALE3) recuou 1,39 por cento, em linha com os contratos futuros do minério de ferro na China.
- GPA PN (SA:PCAR4) caiu 1,14 por cento, com investidores avaliando possíveis impactos do processo de arbitragem proposto pelo Fundo Península sobre cálculos de valores de aluguéis de lojas e "outras questões operacionais". Segundo analistas do UBS, para cada 1 ponto percentual de aumento no valor do aluguel, o impacto estimado no Ebitda de varejo de alimentos do GPA é de 63 milhões de reais, ou o equivalente a 2,5 por cento do Ebitda ajustado estimado para 2017.
- SER EDUCACIONAL ON (SA:SEER3) caiu 3,95 por cento, após a empresa anunciar aumento de capital de 236,5 milhões a 400 milhões de reais, enquanto negocia a compra de escola de ensino superior. A operação será feita com emissão de 8,2 milhões a 13,9 milhões de ações ao preço de 28,80 reais por papel, abaixo do fechamento da véspera, de 31,90.
(Por Flavia Bohone)