Ibovespa tem recuo discreto com desconfiança fiscal e EUA no radar

Publicado 29.05.2025, 17:05
Atualizado 29.05.2025, 17:40
© Reuters. Painel de cotações na B3n05/08/2024 REUTERS/Carla Carniel

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com um declínio discreto nesta quinta-feira, quando o noticiário envolvendo medidas fiscais continuou ocupando as atenções e adicionando incertezas, enquanto, nos Estados Unidos, o governo norte-americano apelou da decisão de um tribunal de comércio do país de suspender tarifas comerciais.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,25%, a 138.533,7 pontos, após marcar 137.993,33 pontos na mínima e 139.108,26 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$17,9 bilhões.

De acordo com o especialista em investimentos Josias Bento, sócio da GT Capital, no Brasil, o mercado está desconfiado quanto à capacidade de o governo cumprir as metas fiscais.

"Ninguém mais confia no compromisso fiscal do Brasil. A retórica política até tenta maquiar a realidade, mas o investidor não se ilude com promessas. Ele lê os sinais: aumento de gastos, dificuldade de arrecadação, resistências internas ao ajuste e um arcabouço fiscal cada vez mais desidratado."

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quinta-feira que o governo apresentará em até dez dias iniciativas fiscais estruturais como possíveis alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) após ser "provocado" pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Ele ponderou, contudo, que não há solução definida neste momento.

Mais cedo na quinta, Motta disse no X que o ambiente no Congresso é pela derrubada do decreto que aumentou alíquotas do IOF, estabelecendo prazo de 10 dias para o Executivo apresentar alternativa que evite "gambiarras tributárias" e seja de caráter "duradouro e consistente".

No cenário externo, o penúltimo pregão da semana abriu com a notícia de que o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA decidiu na véspera que o presidente norte-americano, Donald Trump, extrapolou sua autoridade ao impor tarifas de importação punitivas a praticamente todos os países do mundo e bloqueou as medidas.

O governo Trump, porém, solicitou imediatamente a um tribunal de apelações que suspendesse a decisão e permitisse a manutenção do regime tarifário. O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, expressou em entrevista à Fox Business confiança de que a decisão será revertida.

Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário dos EUA, subiu 0,40%, com o receio sobre o desfecho envolvendo a questão tarifária encontrando um contrapeso expressivo no resultado trimestral da Nvidia (NASDAQ:NVDA), que mostrou crescimento de vendas acima do esperado.

"Os EUA estão entrando em uma zona de turbulência institucional", acrescentou Bento, da GT Capital.

DESTAQUES

- AZUL PN (BVMF:AZUL4) caiu 6,8% ainda sob efeito do anúncio da véspera de que pediu recuperação judicial nos Estados Unidos. Analistas do JPMorgan (NYSE:JPM) cortaram a recomendação das ações da companhia aérea para "underweight", enquanto as agências de classificação de risco S&P e Fitch reduziram a nota de crédito da companhia aérea para D. A partir de sexta-feira, as ações da Azul não farão mais parte do Ibovespa e de outros índices da B3.

- BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) caiu 1,58%, tendo no radar dados de crédito divulgados pelo Banco Central, mostrando uma aceleração marginal nas concessões, mas também alta na inadimplência e nos spreads. ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) fechou com decréscimo de 0,79%, BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) recuou 0,43% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) cedeu 0,3%.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 0,6%, enfraquecida pela queda dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou transacionado com baixa de 1,16%. A diretoria executiva da estatal aprovou a emissão de R$3 bilhões em debêntures simples em até três séries. Os recursos vão custear gastos, despesas ou dívidas relacionadas a investimentos em projetos prioritários da companhia.

- VALE ON (BVMF:VALE3) fechou com variação positiva de apenas 0,07%, mesmo com o avanço dos futuros do minério de ferro na China após quatro dias de perdas. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com alta de 1,29%, a 707 iuanes (US$ 98,31) a tonelada.

- B3 ON (BVMF:B3SA3) recuou 1,4%, também entre os maiores pesos negativos do Ibovespa. Analistas do UBS BB cortaram a recomendação das ações para neutra, citando "upside" potencial limitado à frente, dada a valorização acumulada pelas ações de cerca de 40% neste ano. Eles, contudo, elevaram o preço-alvo dos papéis de R$13,50 para R$16, na esteira da revisão para cima da estimativa do lucro para o período de 2025 a 2029.

- COSAN ON (BVMF:CSAN3) subiu 2,07%, com analistas do Bank of America (NYSE:BAC) reiterando compra. "Apesar dos desafios, acreditamos que seja uma sólida posição de longo prazo com ativos únicos no Brasil." O BofA também manteve compra para Raízen, mas cortou o preço-alvo de R$3 para R$2,7. RAÍZEN PN (BVMF:RAIZ4) ganhou 1,02%. Ainda, a Unica disse que a produção de açúcar do centro-sul caiu menos que o previsto na primeira quinzena de maio.

- SABESP ON (BVMF:SBSP3) valorizou-se 1,48%, após acertar a aquisição das participações restantes nas sociedades Andradina e Castilho detidas pela Iguá Saneamento, exercendo seu direito de preferência na compra das concessionárias.

- COPEL PNB (BVMF:CPLE6) valorizou-se 1,51%, renovando máximas históricas, endossada por relatórios positivos de analistas do Itaú BBA e do UBS BB, que também elevaram o preço-alvo do papel. "Apesar do recente desempenho mais forte da ação, ainda vemos um perfil de risco/retorno atrativo para a Copel", afirmaram Filipe Andrade e time do Itaú em relatório.

- JBS ON (BVMF:JBSS3) avançou 0,69%, endossada por notícia de o Brasil foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como livre de febre aftosa sem vacinação pela primeira vez, o que pode abrir novos mercados internacionais para a carne brasileira. MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) subiu 2,13%, mas MINERVA ON (BVMF:BEEF3) caiu 3,83%. Na véspera, as ações tinham fechado em altas de 2,62%, 2,51% e 3,37%, respectivamente.

- AMBIPAR ON (BVMF:AMBP3), que não faz parte do Ibovespa, disparou 18,5% após divulgar que seu conselho de administração aprovou uma proposta de reorganização societária envolvendo a Ambipar Participações, a ESG, a Ambipar Response e outras sociedades integrantes do Grupo Ambipar.

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