Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - Investidores que planejam fazer uma oferta para assumir a operadora de telecomunicações em recuperação judicial Oi (SA:OIBR4) disseram que podem conquistar os credores descontentes com uma oferta mais atraente para o pagamento da dívida do que a apresentada pela empresa no início desta semana.
Um grupo de potenciais licitantes, liderados pela boutique de investimento ACGM, baseada em Nova York, e a paulistana Íntegra Associados, disse à Reuters que seu plano vai incluir uma mudança financeira e operacional da Oi que reembolsará os credores da empresa mais rapidamente.
Após os credores de pelo menos 40 por cento da dívida não garantida da Oi rejeitarem a proposta de reestruturação apresentada na segunda-feira pela administração da empresa, o grupo tomou a dianteira e disse à Reuters que pretende apresentar uma contraproposta.
"Uma coisa que distingue a nossa proposta é que ela é ao mesmo tempo um plano de reestruturação financeira e operacional", disse Carlos Abadi, sócio fundador da ACGM.
Renato Carvalho Franco, sócio fundador da Íntegra acrescentou: "Nós entendemos as questões relacionadas a ambos os lados", os acionistas e os credores da empresa.
ACGM e Íntegra afirmam que representam cerca de três dezenas de investidores, mas estão proibidas de revelar seus nomes devido a acordos de confidencialidade. Os potenciais investidores incluem fundos de hedge, empresas de private equity e pelo menos uma operadora de telefonia, disseram.
No plano da Oi, os detentores de dívida sem garantia amargariam uma baixa contábil de 22 bilhões de reais, o que significa um corte de 70 por cento no valor do principal.
A ACGM disse que seu plano preliminar propõe um desconto de 60 por cento sobre o valor nominal da dívida não garantida e prazo de pagamento mais curto para credores garantidos, tais como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O grupo, no entanto, não entrou em detalhes sobre o plano ou o momento em que ele vai ser revelado, que será vital para convencer os acionistas e credores da Oi para deixá-lo assumir a empresa.
Abadi e Franco disseram que estavam esperando que a Oi apresentasse sua proposta de reestruturação de dívida para divulgarem seu plano.
O plano da Oi para reestruturar cerca de 65,4 bilhões de reais de passivos não foi bem recebido por um grupo de credores, que acusou a operadora de impor perdas injustas a eles, enquanto colocava os interesses dos acionistas em primeiro lugar.
Qualquer plano alternativo terá que ser aprovado pela empresa, credores e justiça antes de ser implementado. O segundo maior credor da Oi, depois dos detentores de cerca de 34 bilhões de reais em títulos não pagos, é o governo, com dívidas combinadas de 20 bilhões de reais.