Atualizado 12h17
Por Ana Beatriz Bartolo e Jessica Bahia Melo
Investing.com - Em segundo mês de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma queda de 0,36% em agosto, levemente acima da previsão de queda de -0,39%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã, 09. O resultado também é maior aos -0,68% prévios.
O IPCA anual acumulou alta de 8,73%, um pouco acima da expectativa do mercado de 8,72%, mas bem abaixo dos 10,07% apresentados anteriormente.
Segundo o Boletim Focus divulgado nesta semana, a expectativa é que o IPCA encerre 2022 a 6,61%, acima tanto da meta de 3,5% como do teto de 5%.
A queda ocorre em um cenário de diminuição dos preços praticados pela Petrobras (BVMF:PETR4) nas refinarias, além do teto do ICMS sobre os setores de energia.
De acordo com o IBGE, assim como ocorreu o em julho, o resultado foi impactado principalmente pela queda no grupo dos Transportes (-3,37%), que contribuíram com -0,72 ponto percentual (p.p.) no índice do mês. Já o grupo Comunicação (-1,10%) também apresentou queda, tendo impacto de -0,06 p.p. Por outro lado, Saúde e cuidados pessoais (1,31%) apresentou elevação no indicador, que contribuiu com 0,17 p.p. no mês. Além disso, o grupo Alimentação e bebidas (0,24%) desacelerou em relação ao mês anterior (1,30%), com impacto de 0,05 p.p. Ainda conforme o Instituto, os outros grupos variaram entre o 0,10% de Habitação e o 1,69% de Vestuário, que foi a maior variação positiva no índice para o mês.
Na análise regional, três das 16 áreas apresentaram elevação no indicador em agosto - a maior variação foi em Vitória (0,46%), impulsionada pelo avanço de 11,16% na energia elétrica. O menor resultado foi em Recife (-1,40%), que teve o indicador puxado para baixo com a retração de 16,23% nos preços da gasolina.
"A queda do índice está ainda concentrada na gasolina, que recuou 11,64% e sozinha representou uma queda de 0,67 pontos percentuais do IPCA. Isso mostra o tamanho da distorção que a gasolina tem feito no índice como um todo. Se não fosse a gasolina, estaríamos vendo altas no indicador", pondera André Perfeito, economista-chefe da Necton.
Para Bruno Musa, economista e sócio da Acqua Vero Investimenttos, é importante destacar que a baixa dos preços nos postos "é fruto do corte de impostos e do recuo do preço do barril de Petróleo para sua mínima do ano e não por interferência governamental ou congelamento de preços, que seriam péssimos para a economia lá na frente".
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, afirma que o resultado do mês veio abaixo da expectativa, em função do reajuste da Petrobras frente à queda no preço do petróleo. "Para setembro, esperamos uma estabilidade dos preços ainda devido ao último reajuste nas refinarias e um menor efeito corte de impostos sobre combustíveis", destaca. Segundo Sung, o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com que aumentaram de preços no mês, voltou a crescer. "Após registrar tendência de queda desde abril, hoje, se encontra acima dos 65%. Isso mostra que a inflação segue disseminada pela economia. Para o restante do ano, os efeitos da alta dos juros, arrefecimento dos preços das commodities, dos preços dos alimentos e de bens industriais, além dos combustíveis, podem contribuir para uma desaceleração da inflação. Porém, medidas fiscais que sustentem a demanda podem pressionar os preços", completa.