Por Guillermo Parra-Bernal e Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco (SA:ITUB4) fechou acordo com o Banco BTG Pactual (SA:BBTG11) no qual pagará cerca de 1,2 bilhão de reais por uma fatia na empresa de recuperação de crédito Recovery e um portfólio de empréstimos inadimplentes, em uma oferta de última hora que superou uma proposta rival.
Nesta quinta-feira, em comunicado, o Itaú (SA:ITSA4) disse que pagará 640 milhões de reais pela fatia de 82 por cento que o BTG possuía na Recovery do Brasil quando o acordo obtiver aprovação regulatória. O Itaú também acertou a compra de 70 por cento de um portfólio de 38 bilhões de reais de empréstimos inadimplentes administrado pelo BTG por 570 milhões de reais em espécie, segundo o documento.
O BTG Pactual está vendendo ativos para levantar dinheiro e restaurar a confiança de clientes à luz da prisão de seu fundador, André Esteves. O BTG Pactual esperava arrecadar entre 400 milhões e 1,2 bilhão de reais com a saída da Recovery, disseram fontes mais cedo neste mês.
A transação foi anunciada após um processo intenso de venda que durou cerca de três semanas, disseram duas fontes com conhecimento do negócio. O Itaú fez uma oferta depois que as negociações exclusivas entre a Lone Star Funds e o BTG Pactual expiraram na segunda-feira, disse a primeira fonte, pedindo para ficar anônima pois os termos do negócio permanecem confidenciais.
A Reuters noticiou em 17 de dezembro que a Lone Star havia iniciado negociações exclusivas pela fatia na Recovery. A oferta apresentada pelo Itaú, que assessorou a Lone Star até o fim das negociações exclusivas, foi 20 por cento superior à da Lone Star, acrescentaram fontes.
O Itaú não comentou imediatamente. Mensagens deixadas para a Lone Star não foram respondidas de imediato. O BTG Pactual não quis comentar.
EMPRÉSTIMOS TÓXICOS
O BTG Pactual disse que a fatia na Recovery e o portfólio de empréstimos representam cerca de 0,2 por cento de seus ativos.
Diversas vendas de ativos, incluindo carteiras de empréstimos e uma fatia na maior cadeia de hospitais brasileira, assim como a obtenção de uma linha de crédito emergencial no valor de 1,6 bilhão de reais do Fundo Garantidor de Crédito ajudaram a minimizar a preocupação sobre uma crise no BTG Pactual.
Até 23 empresas haviam mostrado interesse preliminar na Recovery, disse a segunda fonte. A Recovery, baseada em São Paulo, administra cerca de 50 bilhões de reais em empréstimos de dívida em dificuldades e é uma grande compradora de crédito tóxico das maiores instituições financeiras do Brasil.
A International Finance Corp, do Banco Mundial, e os fundadores da companhia na Argentina são os donos da fatia restante na Recovery.
A compra ajudará o Itaú a cimentar uma posição de liderança no mercado. Membros do setor estimam que as vendas de empréstimos tóxicos subirão 40 por cento neste ano, para mais de 25 bilhões de reais.
"A expertise da Recovery e de sua equipe de gestão na prestação de serviços de recuperação de créditos em atraso otimizará a operação do Itaú Unibanco, o que, em conjunto com a continuidade na prestação de serviços para terceiros, resultará em um maior potencial de crescimento para as atividades da Recovery", disse o Itaú Unibanco em comunicado.
(Reportagem adicional de Silvio Cascione)