SÃO PAULO (Reuters) - A maior produtora global de carnes, a brasileira JBS (SA:JBSS3), está importando mais milho da Argentina para a fabricação de ração no Brasil, à medida que custos crescentes com fretes rodoviários têm elevado os preços da oferta local, disse uma fonte com conhecimento do assunto nesta terça-feira.
A unidade da JBS no Brasil já havia importado milho no começo deste ano, depois de uma colheita reduzida da primeira safra do país, para usar como ração em Santa Catarina, onde opera várias fábricas.
"Estar importando milho no meio da colheita da segunda safra de milho do Brasil é absurdo", disse a fonte, que falou na condição de anonimato.
As importações de milho da empresa neste ano até o momento vão somar 120 mil toneladas, com a chegada das duas novas cargas ao porto de Imbituba, em Santa Catarina, no fim deste mês, disse a fonte.
"O milho importado da Argentina pode chegar quase 5 por cento mais barato do que o mesmo produto vindo do Mato Grosso", acrescentou a fonte, destacando o custo do transporte rodoviário entre as principais regiões produtoras do Centro-Oeste e importantes áreas consumidoras do Sul.
O Mato Grosso, principal Estado produtor do Brasil, produz quase um terço do milho do país.
A JBS não respondeu imediatamente a pedido de comentário.
O Brasil consome cerca de 5 milhões de toneladas de milho por mês, e 30 por cento desse volume segue para a JBS, para a rival BRF (SA:BRFS3) e a Aurora Alimentos.
A proximidade de Santa Catarina do Paraguai e da Argentina incentiva os processadores de carne locais a procurar milho no exterior, ao invés de comprar da áreas produtoras brasileiras, no momento em que o tabelamento do frete rodoviário elevou os custos.
A situação sinaliza um frete marítimo competitivo para alguns negócios, como no caso das cargas que serão desembarcadas em Imbituba.
Importações adicionais de milho este ano não podem ser descartadas se a situação persistir, disse a fonte.
Os custos de frete no Brasil tiveram um salto depois que o governo impôs preços mínimos de frete em resposta às reivindicações de caminhoneiros em greve, cujos protestos obstruíram as principais rodovias do país em maio e prejudicaram o crescimento econômico.
(Por Ana Mano)