Investing.com - Contrariando a ideia comum de que as ações se valorizarão quando o Federal Reserve iniciar o ciclo de corte de juros, o banco JPMorgan (NYSE:JPM) acredita que uma redução nas taxas básicas nos EUA no próximo ano seria negativa para as ações do país, segundo Hugh Gimber, estrategista de mercado global da JPMorgan Asset Management.
O analista estimou que os cortes da Fed em 2024 provavelmente coincidirão com uma queda nos lucros corporativos, o que criará um ambiente desfavorável para as ações.
“Para mim, o ponto-chave é que a razão pela qual o Fed cortará os juros em meados do próximo ano não será apenas porque a inflação retornou suavemente à meta. É mais porque começaremos a ver sinais de enfraquecimento nas perspectivas de crescimento”, explicou à CNBC.
“E claramente esse não é um cenário muito positivo para as ações, especialmente quando pensamos no que está refletido nos números de lucros”, acrescentou, destacando a contradição entre a previsão dos analistas de um crescimento de 12% nos lucros do S&P 500 e a expectativa de dois cortes de taxa para 2024.
“Há uma desconexão no momento: 12% de crescimento de lucro esperado para o próximo ano e vários cortes por parte do Fed. Essas duas coisas não podem acontecer ao mesmo tempo”, afirmou o estrategista.
Gimber também alertou que a temporada de balanços do terceiro trimestre deverá começar a mostrar sinais de enfraquecimento nas perspectivas de crescimento, o que resultará em uma revisão para baixo nas projeções.
“Acredito que, à medida que avançarmos na temporada, os analistas começarão a ajustar suas estimativas para 2024, e o mais provável é que elas sejam revisadas para baixo”, explicou.
Gimber defende que as margens devem se manter em setores como o automotivo, que foram beneficiados por um forte “backlog” (encomendas firmes) e restrições de oferta, mas teme fraquezas em setores industriais, como produtos químicos, e prevê que os lucros possam ser ainda mais revisados para baixo pelos analistas.
Nesse contexto, o analista recomendou que os investidores do mercado de ações se posicionem em setores mais defensivos que possam resistir a uma desaceleração no crescimento.
“O Reino Unido é um bom exemplo de uma exposição maior à energia, commodities e setores mais defensivos. Trata-se da resiliência das ações”, afirmou Gimber.
Ele também indicou que a dívida de alguns mercados emergentes em moeda local é atrativa. Países como Brasil, México e África do Sul ainda têm espaço para reduzir suas taxas em comparação com os mercados desenvolvidos.