Taxas futuras recuam com impasse comercial entre Brasil e EUA e falas de Galípolo no radar
Investing.com – Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa de juros básica da economia brasileira Selic e tendência de continuidade do ciclo de ajuste, a renda fixa segue no radar dos investidores, além de bancos, corretoras e casas de análise.
Especialistas consultados pelo Investing.com preferem, neste momento, exposição a ativos pós-fixados ou indexados à inflação, enquanto os pré-fixados também podem compor o portfólio em menor parcela, mas com atenção para os prazos de vencimento – a recomendação é focar em títulos de curto prazo, com poucos anos pela frente para efetivação do resgate. Os especialistas alertam que alguns ativos sofrem com marcação a mercado e que, apesar do nome renda fixa, os títulos podem oscilar.
Carolina Borges, head de análise da EQI Research, destaca a preferência pelos títulos pós-fixados, principalmente para o investidor mais conservador, mas a alocação depende do perfil de risco.
“Os pós-fixados oferecem retornos interessantes ainda em termos reais, oferecem proteção contra uma eventual elevação da taxa de juros, a sua indexação é atrelada ao índice de referência, no caso a Selic, que é o CDI derivado da Selic. Então, ele vai seguir esse ciclo de alta da Selic, a sua remuneração vai acompanhar e ele tem uma volatilidade muito, muito baixa”.
Nos títulos pré-fixados, a head de análise da EQI também considera as taxas de carrego como bastante interessantes, principalmente ativos de médio prazo. Para investidores com perfil de risco um pouco mais agressivo, um investidor moderado, a recomendação é adicionar ativos pré-fixados, enquanto, para aqueles mais arrojados, com ativos que pagam inflação mais 7,5% com prazos de 20 anos, os títulos proporcionam bastante volatilidade, mas a marcação a mercado pode ser benéfica com o cenário de eventual queda de juros.
“No pré-fixado, você não contrata esse título por muito tempo, porque não está protegido da inflação nele, mas tem ali uma relação risco-retorno que, na nossa visão, é interessante nos pré-fixados. Tem os títulos de inflação mais também, os IPCA+, ali com taxas também bastante interessantes, que proporcionam uma certa tranquilidade de alongar um pouco mais o prazo, por estar protegido da inflação”, completa, ressaltando para a volatilidade.
Para pré-fixado, a EQI não indica títulos longos, devido a exposição ao risco inflacionário. Para investidor conservador, o pré-fixado curto seria entre 2025 e 2026, para o conservador e moderado entre 2028 e 2029, com maior alocação para o agressivo.
A alta na Selic já esperada também não afetou a estratégia de Guilherme Almeida, head de renda fixa na Suno Research, que prefere títulos pós-fixados, para que o investidor possa capturar esse movimento de elevação dos juros, além de títulos atrelados à inflação.
“Afinal de contas, a remuneração dos pós-fixados estão atrelados ao movimento dos juros em si, seja da taxa DI, seja da taxa Selic”, concorda.
A Suno também indica títulos indexados à inflação, principalmente em momentos de incerteza, considerados importantes para preservar o poder de compra do patrimônio do investidor.
“Então, essa combinação, ela é atrativa e, no fim do dia, isso quer dizer que os pré-fixados não têm vez? Na verdade, não. Nós acreditamos que os pré-fixados podem ter uma atratividade, mas vai depender do perfil do investidor, principalmente para aqueles investidores que aceitam incorrer em um risco mais elevado”, orienta o especialista da Suno.
Almeida considera as taxas atuais como atrativas, mas adequadas para aqueles investidores que podem manter o recurso até o vencimento, dado que são títulos bem sensíveis ao processo de marcação ao mercado. Para os pré-fixados, a indicação é apostar em prazos curtos, como 2027, cuja incerteza é mais reduzida. “Quanto maior o prazo, maior a incerteza”.
Atenção para qualidade do emissor no crédito privado com juros em alta
O especialista da Suno ressalta que, ainda que as taxas de juros elevadas sejam atrativas para a rentabilidade da vida fixa, elas também implicam em um serviço da dívida maior, principalmente para empresas mais alavancadas, mais endividadas.
“Então, o custo de capital dessas empresas aumenta e cabe ao investidor que quer se expor, por exemplo, ao crédito privado, a títulos emitidos por empresas ou por instituições financeiras, avaliar a qualidade do emissor para não acabar tendo ali em um emissor problemático, altamente endividado, cuja taxa de juros em patamares elevados pode comprometer a sua saúde financeira e isso resultar em um eventual calote”.
A Suno também indica exposição a títulos privados, a depender do risco e do spread, mas hoje, majoritariamente, sugere alocação maior em títulos públicos, com taxas elevadas e menor risco, em sua visão. Como o crédito privado de empresas em geral (como debêntures) não possui cobertura pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma segurança que é concedida para os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), a atenção é ainda maior.
“A diferença entre o que o título privado está pagando face ao título público de vencimento semelhante, de indexador semelhante, reduziu bastante. Então, o prêmio de risco para se expor a um título privado acabou reduzindo. Então, por isso que a nossa recomendação hoje é majoritária em títulos públicos. Mas é claro que os títulos privados têm seu espaço, especialmente, a gente olha com bastante carinho, aquelas que são incentivadas, aquelas que são isentas de imposto de renda”, conclui.
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