Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em baixa no Brasil, na contramão do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries sustentaram altas, com investidores à espera de divulgações de dados e documentos econômicos no restante da semana, tanto no Brasil quanto no exterior.
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) se firmaram em queda já pela manhã, ainda que os yields dos Treasuries subissem.
Profissionais ouvidos pela Reuters citaram certa expectativa pela bateria de dados a serem divulgados no Brasil e nos Estados Unidos até quinta-feira para justificar o fechamento da curva local.
“Estamos com a bolsa meio pesada, o dólar caindo e os juros caindo também. De certa forma, o que o mercado está fazendo hoje é corrigindo um pouco (movimentos recentes)”, pontuou Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “O movimento é mais técnico, de curtíssimo prazo, não há nada muito estrutural”.
Na terça-feira serão divulgados a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e o IPCA-15 de março, além de números de confiança do consumidor dos EUA. Na quarta saem números do governo central e do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) no Brasil. Na quinta-feira os destaques são o Relatório de Inflação do BC e o PIB dos EUA no quarto trimestre.
“O movimento de hoje tem muito de expectativa, tanto pela ata quanto pelo IPCA-15”, avaliou o economista-chefe da Way Investimentos, Alexandre Espirito Santo.
“O ponto é ver o que o BC falará na ata de amanhã, se ele dará alguma nova pista (sobre o futuro da política monetária) após a retirada do plural no comunicado”, acrescentou o economista, ao se referir ao fato de que, na semana passada, a autoridade monetária sinalizou a intenção de cortar a taxa Selic novamente em 0,50 ponto percentual apenas na próxima reunião, em maio, abrindo a porta para um corte menor em junho.
Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
O recuo das taxas futuras no Brasil nesta segunda-feira, apesar de ocorrer na contramão do que se viu nos EUA, pouco alterou a perspectiva para o próximo encontro de política monetária do BC.
Perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 91% de chances de o corte da taxa básica Selic em maio ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o Banco Central.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 9,885%, ante 9,917% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,81%, ante 9,858% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,05%, ante 10,11%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,35%, ante 10,404%. O contrato para janeiro de 2029 marcava 10,55%, ante 10,607%.
No exterior, perto das 16h35 os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta, após comentários de autoridades do Federal Reserve sobre juros.
O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que, na reunião de política monetária da semana passada, indicou três cortes na taxa de juros norte-americana para este ano.
Já a diretora do Fed Lisa Cook disse que a instituição precisa agir com cautela ao decidir quando começar a reduzir as taxas de juros. Ela citou o desafio de encontrar equilíbrio entre flexibilizar a política monetária muito cedo e agir muito lentamente.
O rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 4 pontos base, a 4,253%.