Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A Justiça de Minas Gerais aceitou nesta quarta-feira pleito da Nippon Steel e anulou a reunião do conselho de administração da Usiminas (SA:USIM5) que elegeu o executivo Sergio Leite como presidente da siderúrgica brasileira.
A Nippon Steel, uma das controladoras da Usiminas, pedia na ação a anulação da reunião do conselho realizada em 25 de maio deste ano. Na reunião, o executivo Rômel de Souza, indicado pelo grupo japonês, foi substituído por Leite, que teve votos favoráveis do grupo rival Techint. Até a reunião de 25 de maio, Leite era vice-presidente comercial da Usiminas.
A decisão da 11a Câmara Cível do Tribunal de Justiça de MG "consequentemente, restabelece a diretoria que estava em exercício até tal data e os poderes a ela inerentes", afirmou a Usiminas em comunicado ao mercado.
O grupo japonês defendia a volta de Souza para a presidência da Usiminas, em meio a uma disputa com a Techint que se arrasta desde 2014 pelo controle das operações da maior produtora de aços planos do Brasil em capacidade instalada.
A tendência é que Souza seja reempossado na presidência da Usiminas. Fontes da Nippon Steel vinham mencionando há meses que o executivo voltaria ao comando da empresa assim que a eleição de Leite fosse anulada. O grupo japonês alega que a eleição de Leite violou acordo de acionistas da Usiminas e a Lei das SA.
Uma tentativa de conciliação judicial entre Nippon e Techint chegou a ser feita em meados de julho, mas a audiência acabou terminando sem acordo entre as partes, apesar de a Nippon ter indicado estar aberta até a uma nomeação pela Justiça de um presidente para a Usiminas, segundo fontes.
O presidente do conselho da Usiminas, Elias Brito, indicado pela Techint e que já havia criticado os esforços da Nippon Steel para restabelecer Souza no comando da siderúrgica, afirmou em nota nesta quarta-feira que respeita a decisão da Justiça e "defende que haja uma solução para trazer estabilidade de longo prazo para a companhia" e que "será fundamental manter as melhorias operacionais da empresa".
Já a CSN (SA:CSNA3), maior acionista minoritária da Usiminas, afirmou em comunicado separado que a decisão da Justiça é "consequência da briga insana entre controladores da companhia, em flagrante prejuízo à empresa, aos acionistas e ao Brasil" e que a disputa entre Techint e Nippon Steel "em última instância, pode destruir a empresa".
Representantes da Nippon Steel e da Techint não comentaram o assunto de imediato.