Era fim de fevereiro quando voos da Latam (SN:LTM) que saíam de São Paulo com destino a Milão, na Itália, começaram a esvaziar. Não é que os passageiros desmarcavam suas viagens, eles simplesmente não apareciam na hora do embarque, muitos deles chegavam a fazer o check-in e desistiam pouco antes de o voo sair.
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Com a explosão de casos de covid-19 no norte da Itália, eles acabavam mudando de ideia em cima da hora e abrindo mão da viagem.
"Lembro que teve um fim de semana em que olhei o 'no show' (termo usado para os passageiros que não se apresentam no embarque) e tinha batido 40%", recorda o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier. Naquele mesmo fim de semana, voos entre Nova York e Milão foram suspensos porque tripulantes da American Airlines (NASDAQ:AAL) (SA:AALL34) se recusavam a viajar para a Itália.
Cadier lembra que, no início da crise, em fóruns que reuniam o setor, ele era visto como "terrorista", porque costumava dizer que seriam necessários anos para as empresas se restabelecerem, enquanto muitos apostavam que em poucos meses a situação estaria resolvida. A expectativa "pessimista" do executivo não era à toa.
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Como cerca de 50% da operação da Latam era internacional, a companhia seria a mais impactada entre as que atuam no mercado doméstico. Além de reduzir a jornada e o salário dos tripulantes, a empresa começou a estacionar a frota - o que envolve uma série de procedimentos para reduzir gastos com manutenção.
Em recuperação judicial desde meados do ano, a empresa espera sair do processo até o fim de 2021, quando deverá ter conseguido refinanciar o empréstimo de US$ 2,4 bilhões que conseguiu este ano. Apesar da melhora na demanda, a empresa ainda tem um grande entrave pela frente.
Ela pretende reduzir o salário dos tripulantes de forma permanente e, como não consegue chegar a um acordo com o sindicato, o assunto está sendo mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Em meio à crise, já demitiu 2,7 mil tripulantes e outros 3,8 mil funcionários. Também entregou seis andares de um prédio que alugava em São Paulo.
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Os 900 funcionários que atuavam no local foram divididos entre os escritórios no aeroporto de Congonhas e centro de treinamento. "A entrada na crise foi violenta, mas a saída também não será óbvia."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.