SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Light (SA:LIGT3) busca alternativas para reduzir sua alavancagem, que subiu ao final de 2018 para 3,63 vezes se considerada a relação entre dívida líquida e geração de caixa, ante 3,57 vezes no trimestre anterior e 3,32 vezes no segundo trimestre de 2018, disse nesta sexta-feira o presidente da companhia, Luis Fernando Paroli.
A fala do executivo, em teleconferência de resultados, veio após pergunta de um analista sobre a possibilidade de um aumento de capital na empresa, que é controlada pela mineira Cemig (SA:CMIG4).
A Light chegou a assinar em agosto de 2018 memorando de entendimento para uma oferta pública de ações que seria ancorada por fundos de investimento liderados pela GP Investments, mas o negócio foi posteriormente cancelado por desentendimentos sobre preços a serem praticados na operação.
"Acreditamos que com as ações que estamos tomando a gente pode, sim, reduzir a alavancagem ao longo de 2019, mas como o endividamento é bastante elevado, a gente pensa, sim, na possibilidade de atuar de alguma outra forma mais estruturante de capital, de maneira que a gente consiga diminuir o tempo dessa desalavancagem", afirmou Paroli.
"A gente tem mais de uma possibilidade, de forma de equacionamento, e a gente vai ao longo do ano trabalhar nessas opções, para que a gente possa ter uma solução mais estrutural para a companhia", acrescentou ele, sem detalhar.
A dívida líquida da Light fechou 2018 em 8 bilhões de reais, sendo que a companhia tem um caixa de 1,68 bilhão de reais.
Cerca de 1,88 bilhão em dívidas da elétrica vencem em 2019 e 1,8 bilhão em 2020. Em 2021 vencem 1,2 bilhão e em 2022 mais 1,18 bilhão, enquanto 3,7 bilhões são para após 2023.
PERDAS SOBEM
A Light, responsável pela distribuição de eletricidade na região metropolitana do Rio de Janeiro, enfrenta desde sempre fortes problemas com perdas não técnicas de energia devido a fraudes, os famosos "gatos" na rede elétrica.
As perdas totais de energia da companhia subiram em 2018, para 23,95 por cento de perdas em 12 meses ao final do quarto trimestre, maior nível desde ao menos o segundo trimestre de 2016. O indicador havia batido um mínimo no período de 21,75 por cento no segundo trimestre de 2017.
No mercado de baixa tensão, de clientes residenciais, o quadro é ainda mais negativo, com as perdas tendo fechado 2018 em 45,18 por cento nos últimos 12 meses, após terem chegado a um nível de 37,5 por cento em março de 2017. No trimestre anterior, as perdas em 12 meses eram de 42,62 por cento.
Durante a teleconferência, executivos da Light atribuíram o movimento à situação social do Rio de Janeiro, com aumento dos problemas principalmente nas chamadas "áreas de risco", como comunidades tomadas pelo tráfico ou milícias, nas quais técnicos da distribuidora muitas vezes mal conseguem entrar.
A perda em áreas classificadas como de risco nos últimos 12 meses subiu para 81,06 por cento em dezembro, ante 80,28 por cento em setembro e 79,85 por cento em maio de 2018.
Já as áreas vistas pela Light como "possíveis" para faturamento tiveram perdas em 12 meses de 14,88 por cento em dezembro, ante 15,5 por cento em setembro.
(Por Luciano Costa)