SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Light (SA:LIGT3), controlada pela Cemig (SA:CMIG4), convocou para 27 de abril uma assembleia extraordinária para deliberar uma mudança de estatuto que permitiria à empresa aumentar seu capital para até 300 milhões de ações ordinárias, contra cerca de 204 milhões atualmente, segundo comunicado da companhia nesta quarta-feira.
Pelo preço do fechamento da terça-feira, de 15,20 reais, um aumento de capital nessa proporção poderia representar 1,46 bilhão de reais.
As propostas de alterações no estatuto em um momento em que a Cemig busca compradores para a Light geraram preocupação de alguns analistas, que expressaram temores sobre uma possível mudança de estratégia de venda da elétrica com sede no Rio de Janeiro, o que a empresa nega.
O anúncio levou as ações da elétrica a operarem em queda de mais de 13 por cento nesta quarta-feira.
As ações fecharam em baixa de 12,43 por cento, a 13,31 reais por papel. Nesse valor, uma eventual operação de aumento de capital nessa proporção movimentaria cerca de 1,28 bilhão de reais.
Mas o presidente da Light, Luiz Fernando Paroli, disse em teleconferência de resultados nesta quarta-feira que as mudanças propostas visam "modernizar" o estatuto e não representam "nenhuma modificação na estratégia" da companhia ou de seus acionistas.
"Não vejo razão nenhuma para que se possa justificar essa reação negativa que tivemos (no preços das ações)", afirmou Paroli.
No entanto, a equipe do Itaú BBA disse em nota a clientes que a notícia parecia negativa, uma vez que poderia sinalizar um esfriamento da venda da companhia.
Segundo Paroli, a Cemig continua com sua intenção de vender toda a participação na Light.
Durante a teleconferência, ele foi questionado por analistas sobre se o novo estatuto com possibilidade de aumento de capital poderia ser um meio de ter um "plano B" caso a empresa não seja vendida.
"Eu não chamaria essa mudança de plano B, uma vez que os acionistas continuam trabalhando no processo de venda da companhia... essa modernização que a gente fez pode até trazer mais flexibilidade em uma possível venda ou M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês)", disse.
NOVO ESTATUTO
Pela reforma proposta no estatuto da Light, uma eventual emissão de ações dentro do novo limite autorizado poderia ser deliberada pelo Conselho de Administração, que também fixará o preço da emissão e as demais condições da respectiva subscrição.
Além disso, o estatuto proposto prevê que o direito de preferência dos atuais acionistas poderá ser excluído ou ter o prazo de exercício reduzido.
Essa exclusão ou redução de prazo poderia acontecer em casos de oferta de ações, debêntures conversíveis em ações ou bônus de subscrição dentro do limite autorizado e realizadas via venda em bolsa de valores, subscrição pública ou permuta de ações em oferta pública de aquisição de controle.
(Por Luciano Costa)