Light renegocia dívida e busca tratamento diferenciado em renovação da concessão

Publicado 29.03.2023, 11:46
Atualizado 29.03.2023, 13:30
© Reuters. Linhas de transmissão em Brasília
06/06/2022
REUTERS/Ueslei Marcelino

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A companhia elétrica Light (BVMF:LIGT3) iniciou conversas com credores para renegociar dívidas e, em paralelo, tenta antecipar a renovação do contrato de sua distribuidora com um tratamento "diferenciado" para questões particulares de sua área de concessão, disse nesta quarta-feira o CEO da companhia, Octavio Lopes.

Em teleconferência para comentar os resultados financeiros, ele disse ver um cenário desafiador pela frente para que a Light consiga restabelecer seu equilíbrio econômico-financeiro.

A companhia, que distribui energia em 31 municípios do Rio de Janeiro, vem sofrendo não só com questões estruturais de sua concessão, como um índice de furtos de energia persistentemente elevado, mas também com uma saída de caixa bilionária pela devolução de créditos fiscais aos consumidores de energia.

Segundo Lopes, o combate a furtos de energia e inadimplência é "inviável" nas chamadas Áreas de Severas Restrições à Operação (ASRO), onde a companhia não consegue entrar para cortar conexões irregulares e cobrar faturas retroativas.

Como boa parte de sua base de consumidores está em ASROs, a empresa vem defendendo um "tratamento diferenciado" para os parâmetros regulatórios de perdas por furtos de energia e inadimplência.

"De forma a garantir a sustentabilidade de longo prazo da concessão... Temos que ter, no caso da Light, esse tratamento diferenciado para as ASROs", disse Lopes.

A Light encerrou 2022 com um prejuízo líquido de 5,67 bilhões de reais ante lucro de cerca de 400 milhões em 2021, devido ao impacto de provisões pela devolução bilionária de créditos fiscais e a complexidades próprias de sua concessão.

As ações da empresa despencavam cerca de 17% por volta das 13h.

RENOVAÇÃO ANTECIPADA

A elétrica já iniciou conversas com a agência reguladora Aneel e com o poder concedente sobre a renovação da concessão da distribuidora, que expira em maio de 2026.

A intenção da empresa é antecipar esse processo para trazer mais clareza sobre o futuro de seus negócios, ajudando-a em seu processo de reestruturação de capital e renegociação de dívidas.

Ao final de 2022, a dívida líquida consolidada da Light era de 9 bilhões de reais, sendo que mais de 3 bilhões tem vencimento previsto para 2023 e 2024.

Lopes disse que a companhia está buscando junto aos credores uma solução sustentável para seu endividamento e que não fará nada "empurrando com a barriga". O mais provável é uma saída que trate primeiro das necessidades de fluxo de caixa de curto prazo, para que depois se negocie a readequação de capital mirando o longo prazo, avaliou.

Ainda na teleconferência, Lopes afirmou que a "prioridade número 1" da companhia é manter a normalidade de suas operações. Segundo ele, apesar do desequílibrio financeiro estrutural, a empresa "funciona muito bem" e está adimplente com todas as obrigações setoriais e cumprindo com as metas regulatórias.

"Se você comparar com processos de reestruturação famosos do setor, (eles) envolveram empresas que estavam inadimplentes com qualidade, obrigações setoriais, impostos, com fornecedores de enegia. A Light está adimplente... e muito longe de ter Ebitda negativo".

Lopes afirmou ainda que a companhia não deve recorrer a medidas judiciais em sua reestruturação e que uma devolução da concessão é um "muito pouco provável".

"O processo de devolução de concessão de distribuição nunca ocorreu no Brasil, é extremamente complexo".

(Por Letícia Fucuchima)

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