PARIS (Reuters) - A Louis Dreyfus Company (LDC) continua otimista em relação à demanda chinesa como fonte de crescimento para os mercados agrícolas, apesar do reequilíbrio em outras partes da economia do país asiático, disse à Reuters na quinta-feira o CEO da empresa global de comercialização de commodities.
A China é o maior comprador de produtos agrícolas do mundo, mas a desaceleração do crescimento econômico e a crise imobiliária levantaram dúvidas sobre sua demanda por commodities.
"A China tem um nível de reequilíbrio em andamento neste momento, principalmente em outros setores. Mas em relação ao setor agrícola, ainda estamos bastante confiantes e otimistas em relação à China", disse Michael Gelchie em uma entrevista após a divulgação dos resultados anuais da LDC.
As importações de cereais e sementes oleaginosas pela China permanecerão próximas de recordes este ano, incentivadas pelos preços globais mais baixos e pela menor oferta de produtos locais, de acordo com traders e analistas.
A China tem sido um foco de investimentos para a LDC, já que a empresa procura combinar o manuseio em massa de produtos básicos com uma presença maior no processamento.
Os lucros da LDC no ano passado se mantiveram próximos aos níveis de 2022, apesar da queda dos preços das commodities. Gelchie se recusou a dar uma perspectiva financeira para este ano, mas disse que o grupo estava em uma "posição sólida" para continuar expandindo por meio de crescimento orgânico e aquisições.
Gelchie disse que a LDC está considerando suas opções depois que a Olam Agri, sediada em Cingapura, anunciou na quinta-feira uma oferta indicativa pela Namoi Cotton, da Austrália, acima de um acordo anterior firmado entre a LDC e a Namoi.
Com relação às regras da União Europeia sobre desmatamento que entrarão em vigor no próximo ano, "provavelmente faz sentido" dar aos atores da cadeia de suprimentos mais tempo para implementar um requisito para provar que os produtos agrícolas importados não causam desmatamento, disse ele.
A LDC está bem avançada no cumprimento da chamada legislação EUDR, especialmente para a soja e o café, como parte do compromisso de atingir o desmatamento zero em 2025, mas para garantir que os padrões sejam amplamente adotados, o tempo seria fundamental, acrescentou Gelchie.
(Reportagem de Gus Trompiz)