A fabricante de alimentos M. Dias Branco (BVMF:MDIA3) apresentou lucro líquido de R$ 69,9 milhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é 84,9% maior na comparação com igual período de 2022, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 37,8 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 173,7 milhões, avanço de 95,4% frente aos R$ 88,9 milhões do primeiro trimestre do ano passado.
A margem Ebitda ficou em 7%, ante 4,7% de um ano antes, incremento de 2,3 pontos porcentuais. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 1,6 vez, ante 1,4 vez reportada em igual período do ano passado.
A receita líquida avançou 31,5% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,486 bilhões, ante R$ 1,89 bilhão do primeiro trimestre de 2022. O resultado foi recorde para o período, informou a M. Dias.
O crescimento de dois dígitos da receita é atribuído pela companhia, em comunicado para a imprensa e investidores, ao aumento de 22,7% do preço médio dos produtos na comparação anual do período e ao incremento de 7,3% do volume de vendas.
Por região, a maior alta na receita líquida foi observada pela empresa nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, chamada pela companhia de região de ataque, com incremento de 37% nas vendas líquidas. A região de Defesa, formada pelas Regiões Norte e Nordeste, obteve alta de 28% na receita líquida na mesma base comparativa. Do montante total da receita líquida, R$ 47,2 milhões vieram da receita da empresa no exterior, o que inclui exportações e a operação no Uruguai.
Sobre a alavancagem, a M. Dias afirmou que a redução do nível de endividamento é reflexo da melhora do resultado operacional, o Ebitda dos últimos 12 meses. Quanto ao avanço do Ebitda, e consequentemente, da margem Ebitda, a companhia diz que é fruto da expansão do preço médio e da manutenção das despesas no nível de 20% da receita líquida
O resultado da M. Dias Branco mostra a tendência de consolidação da empresa iniciada no segundo trimestre do ano passado, após a normalização do consumo de produtos derivados de farinha de trigo. Em comunicado, a M. Dias aponta que seus resultados trimestrais foram afetados positivamente pelo aumento de preço médio em todas as categorias, ampliação dos volumes em todas as categorias, exceto em margarinas e gorduras e do crescimento de 116,6% da receita de outras linhas de produtos de maior valor agregado.
Volume de vendas
A M. Dias Branco registrou avanço de 7,3% no volume de vendas de seus produtos no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período do ano passado. O volume vendido pela companhia passou de 375,5 mil toneladas para 402,8 mil toneladas.
A maior alta, de 8,6%, foi observada no segmento de biscoitos, de 107,6 mil toneladas para 116,8 mil toneladas. As vendas de massas cresceram 3,5%, de 76,6 mil toneladas para 79,3 mil toneladas. Em relação ao trimestre anterior, quarto trimestre de 2022, as vendas da companhia recuaram, seguindo a tendência de sazonalidade no consumo destes produtos.
Apesar do maior volume vendido, a M. Dias diminuiu sua participação de mercado de biscoitos na comparação entre o primeiro trimestre de 2023 e o de 2022, enquanto avançou em massas. Em biscoitos, sua participação em volume decresceu 0,9 ponto porcentual, para 32,6%. No segmento de massas, a participação aumentou 1 ponto porcentual, para 31,7%.
Já em farinha de trigo, a participação de mercado da M. Dias em volume vendido saiu de 8,7% no primeiro trimestre do ano passado para 11,2% no primeiro trimestre deste ano, avanço de 2,5 pontos porcentuais. Em valor, houve crescimento anual de participação de mercado nas três categorias - massas, biscoitos e farinha. A M. Dias manteve a liderança no mercado nacional em massas e biscoitos no período.
O preço médio de todas as categorias aumentou 22,7% na comparação anual dos trimestres, para R$ 6,20 por quilo. Em biscoitos, o incremento no preço médio dos produtos foi de 23,9%. Em massas, de 24,8%. Em farinha e farelo, de 18,2%, e em margarinas e gorduras, 2,9%. O preço médio de outras linhas de produtos - bolos, snacks, mistura para bolo, torradas, produtos saudáveis, molhos e temperos - aumentou 22,3% entre o primeiro trimestre do ano passado e o deste ano.
Acompanhando o aumento no volume de vendas, a produção da M. Dias passou de 564,1 mil toneladas no primeiro trimestre de 2022 para 596,2 mil toneladas processadas no primeiro trimestre deste ano. Já a capacidade total de produção foi ajustada de 1,093 milhão de toneladas para 1,075 milhão de toneladas. O nível de utilização da capacidade total de produção subiu 3,9 pontos porcentuais, de 51,6% para 55,5%. Ainda como fatos relevantes do primeiro trimestre deste ano, a companhia destacou a manutenção da "elevada" verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e gordura vegetal em, respectivamente, 99,8% e 100%.
No período, a empresa investiu R$ 45,2 milhões, 10% abaixo do valor investido em igual intervalo de 2022. Os principais aportes foram investimentos para expansão e manutenção, distribuídos em máquinas e equipamentos, obras civis e sobretudo em sistemas.
Resultado
O resultado obtido pela M. Dias Branco no primeiro trimestre deste ano, de alta de 85% no lucro líquido e receita líquida recorde com avanço de 31,5%, foi "muito bom", avalia o diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da empresa, Fabio Cefaly. "Houve aumento de lucro, aumento de receita, maior geração de caixa, preço médio maior e aumento na participação de mercado em valor em todas as categorias", disse Cefaly, ao comentar os resultados da companhia do primeiro trimestre deste ano.
Cefaly destacou que o lucro líquido não só superou o obtido em igual trimestre do ano passado em 85%, como foi 351% maior na comparação com o quarto trimestre de 2022.
Quanto à receita, que foi recorde, de R$ 2,486 bilhões, o executivo ressaltou que foi obtida pela melhora dos dois principais indicadores: o preço médio, que subiu 23%, e o volume de vendas, que aumentou 7%. "O preço médio aumentou por meio de uma série de iniciativas pelos repasses feitos (ao preço final dos produtos) ao longo de 2022 e também pelos lançamentos e marcas adquiridas que trouxeram itens com maior valor agregado, tanto em preço quanto em margem de rentabilidade. Os volumes vendidos cresceram tanto em massas quanto em biscoitos e a nossa participação de mercado foi maior em todas as categorias", comentou.
O executivo pontuou ainda que a margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do trimestre de 7%, contudo, encerrou o mês de março em 13% ante 6,8% reportada em fevereiro e 2,1% negativa em janeiro. "Dado que o preço do trigo e do óleo de palma está caindo, não dá para criar expectativa de que a margem continuará em 7%", afirmou. Sobre a alavancagem, que saiu de 1,4 vez negativa no primeiro trimestre de 2022 para 1,6 vez negativa no primeiro trimestre de 2023, Cefaly observou que, em cenário de taxa Selic a 13,75% ao ano, a redução do indicador é relevante. "A expectativa é a de que continue a redução até o fim do ano, porque a receita está subindo, o Ebitda está dentro do esperado e, com isso, diminui a dívida e aumenta a geração de caixa", afirmou. A média histórica da alavancagem da companhia é de 1 vez.
Market share
Apesar de ser um trimestre sazonalmente de consumo mais fraco para derivados de trigo, em virtude das férias escolares e do verão, as vendas da M. Dias Branco cresceram 7,3% em volume na comparação anual. "Janeiro e fevereiro foi um bimestre em linha do ponto de vista de demanda e comportamento de janeiro. A partir de fevereiro, vimos a retomada da demanda nas compras dos varejistas", afirmou. "Observamos, nos últimos anos, principalmente 2020 e 2021, as principais variáveis do mercado e da empresa se comportando de forma diferente em relação ao histórico: custo disparando, real desvalorizado, repasses feitos pela indústria e nisso perdemos parte de volume e market share. Adotamos uma agenda de recuperação ao longo de 2021 e 2022. Vemos que as variáveis voltaram a se comportar de forma mais próxima do histórico. São mercados maduros, nos quais não deveríamos ter tanta volatilidade em preço, volume, margem e lucro. Agora, vemos normalização (da demanda) e, com isso, nossa escala e abrangência nacional voltam a fazer diferença (para ganhar participação de mercado)", detalhou.
Cefaly explica que o aumento da participação de mercado da empresa é fruto da estratégia de negócios adotada pela companhia, que prevê crescimento do negócio com aceleração na área de ataque - Sul, Sudeste e Centro-Oeste -, e defesa da posição de market share no Norte e Nordeste. "Além disso, a estratégia é escalar as novas categorias e acelerar o processo de internacionalização. É isso o que vem sendo feito. A receita cresceu em todas as categorias e dobrou nas outras categorias. É resultado da estratégia que está em curso", afirmou.