SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta terça-feira a alta taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano, acrescentando que o país voltará a ter crédito barato, em meio a divulgação de uma série de índices que têm dado sinais de arrefecimento da pressão dos preços.
"Não há nenhuma explicação histórica de a gente ter o juro mais alto do mundo", disse Lula em visita a um polo automotivo em Pernambuco, destacando um índice preliminar de inflação em 12 meses de 4,07%.
"Para que esse juro tão alto? Quem ganha com isso? E quem é que perde?", questionou.
No mês passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,51% em maio, depois de uma alta de 0,57% em abril --em 12 meses, o índice acumulava alta de 4,07%.
Alguns índices de inflação têm mostrado até queda dos preços.
Divulgado nesta terça-feira, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentou recuo de 2,33% em maio, a queda mais forte do índice desde abril de 1947.
Anteriormente, outro indicador da FGV, o Índice Geral de Preços–Mercado (IGP-M), registrou deflação de 1,84% em maio, após ter recuado 0,95% em abril, na maior queda mensal da série histórica do indicador, iniciada em 1989.
"Esse país vai voltar a ter crédito barato", acrescentou Lula, reforçando a intenção de ampliar a oferta de crédito por valores mais acessíveis.
"Elite atrasada"
Lula também criticou o que chamou de "elite atrasada", dizendo que o país "voltou para trás" nos últimos anos.
"A única razão (pela qual) eu voltei a me candidatar a presidente da República foi para provar, outra vez, à elite atrasada brasileira, que um torneiro mecânico é capaz de fazer o que eles não conseguiram fazer em tantos anos nesse país."
(Reportagem de Patrícia Vilas Boas)