Investing.com - A Abradin (Associação Brasileira de Investidores Minoritários) protocolou na terça-feira (7) na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) uma denúncia envolvendo a compra do Kabum pela varejista Magazine Luiza.
O embate envolvendo os irmãos Ramos e a varejista ganhou os noticiários em fevereiro deste ano. Leandro e Thiago foram à Justiça para pedir a produção antecipada de provas contra o Itaú BBA, responsável pelo processo de venda do e-commerce, acusando o banco de investimentos e o executivo da área de fusões e aquisições que os assessorava, Ubiratan Machado, de terem favorecido o Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) no processo.
A associação afirma que teme que os minoritários paguem a conta da operação com a diluição de suas fatias na varejista. A Abradin entende que os ajustes envolvendo a compra devem ser pagos exclusivamente pelos controladores da Magazine Luiza.
Na avaliação da entidade, em comunicado enviado à Folha de São Paulo, “não seria justo” que os acionistas minoritários da varejista fossem diluídos, sem correspondente acréscimo ao patrimônio da empresa, no caso de alta das ações entre a data do acordo e a data de liquidação.
Na mesma denúncia enviada à CVM, a Abradin também sinalizou falta de transparência no primeiro comunicado ao mercado sobre a compra do Kabum. Segundo a associação, o Magalu não citou o valor da aquisição e nem a relação de troca de ações para a citada “incorporação de ações”.
“Vamos supor que, na data do acordo, a ação estivesse cotada a R$ 20. Como vimos, 125 milhões de ações equivaleriam a R$ 2,5 bilhões e este seria o valor justo da transação de acordo com avaliação da Kabum em moeda corrente nacional. Agora, suponhamos que na data da liquidação da incorporação, a ação estivesse cotada em R$ 30. Nessa cotação, o valor efetivamente dado em ações aos acionistas do Kabum equivaleria R$ 3,75 bilhões. Nada menos que R$ 1,25 bilhão a mais do que o valor justo, avaliado e acordado”, explica a Abradin.
A varejista, por sua vez, afirmou ao Estadão em agosto "que pode entrar, no futuro, com processo contra os irmãos Ramos para reaver danos gerados pela acusação". Sem dar detalhes, o Magalu informou à Justiça do Trabalho que os irmãos Ramos teriam usado o Kabum, depois de já incorporado à varejista, para pagar contas particulares, importar carros e abrir uma empresa concorrente.
Rumor de follow-on impulsiona as ações
As ações da varejista fecharam em alta de 0,56% cotadas a R$1,78 nesta quarta-feira (8) mesmo após os rumores de que a companhia faria um follow-on. Fonte apontada pelo TC desmentiu o caso alegando que nem o conselho planejam esse tipo de ação.
A informação ventilada ao mercado era de que a Família Trajano, controladora do Magazine Luiza, estaria conversando com bancos de investimento para realizar um follow-on primário e captar R$4 bilhões, visando a capitalização da varejista e levantar recursos para a varejista honrar seus compromissos financeiros com vencimento no início de 2024.
O Magazine Luiza divulga seu balanço referente ao 3° trimestre de 2023 na próxima segunda-feira (13), após o fechamento do mercado.