Os investidores passam a olhar com mais atenção para os fundos imobiliários com a expectativa crescente de um corte na taxa de juros pelo Copom já no segundo semestre. De acordo com o boletim Focus, o mercado prevê que a Selic deverá terminar o ano em 13,25%, 1 ponto percentual abaixo dos 14,25% atuais.
A queda do dólar para a casa dos R$ 3,50 reduzindo, assim, as pressões inflacionárias aliada à expectativa de solução da crise política, podem consolidar o cenário de fundo para a valorização dos papéis imobiliários negociados na bolsa.
Segundo a economista Juliana Inhasz, sócia-fundadora da Stokos Economics Research, o ambiente de negócios com juros mais baixos estimula a compra de imóveis, elevando a demanda do setor e também sua rentabilidade. A sinalização positiva faz com que o setor passe a competir pelos recursos dos investidores que optam por alocar mais risco em suas carteiras com o objetivo de bater a sólida renda fixa.
"O investidor acredita que os atuais acontecimentos políticos são capazes de reverter as expectativas negativas da economia brasileira, reduzindo juros e trazendo uma diminuição da pressão recessiva sobre a economia", explica Inhasz.
Na última semana, o diretor da área de fundos imobiliários do Credit Suisse, André Freitas, disse que “o mercado está perto de uma reversão”.
Os dados do IFIX – índice que abriga os fundos imobiliários negociados em bolsa – mostram que o apetite do investidor deu início a um novo ciclo de alta no setor. O índice que chegou à mínima de 1.302 pontos no final de janeiro, valor mais baixo desde o início de 2014, fechou nesta segunda-feira aos 1.515 pontos, alta acumulada de 16,4%. O IFIX está a 118 pontos (+6,6%) da máxima histórica de 1.623 pontos atingida em fevereiro de 2013.
Em 2016, quatro papéis garantiram retorno superiores a 10%. O FII BTG Pactual Corporate Office Fund (SA:BRCR11) avançou 17%, seguido por Credit Suisse Hedging Griffo Corretora de Valores (SA:HGBS11) (+13,6%), FII SP Downtown (SA:SPTW11) (+11,6%) e FII Aesapar (SA:AEFI11) (+10,4%). O Ibovespa rendeu 22%.
O financista Marcelo Cambria ressalta, contudo, que o fundo imobiliário é um mercado de risco. "Ele depende de financiamento público e privado. O uso da poupança, por exemplo, está caindo devido à crise. Tudo deve ser levado em consideração", pondera o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fifecafi).