Mercado estende correção técnica e taxas caem, com ajuda do câmbio

Publicado 06.01.2025, 15:52
Atualizado 06.01.2025, 19:10
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Os juros futuros fecharam em queda nesta segunda-feira, 6, ainda em correção de excessos dos prêmios embutidos na curva nas últimas semanas, hoje embalada pela melhora do câmbio. O fator técnico acabou se sobrepondo à piora nas medianas de inflação, juros e câmbio trazidas no Boletim Focus.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 14,97%, de 15,08% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027, em 15,34%, de 15,50%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa de 15,04%, de 15,33%. A exemplo dos últimos dias, o alívio se deu sem respaldo de giro, que manteve-se abaixo da média padrão, uma vez que muitos players ainda estão em recesso e, além disso, a agenda e o noticiário têm sido escassos nesses dias.

"Em novembro e dezembro, o movimento foi muito forte, com as taxas precificando Selic acima de 16%. É bastante, mas está corrigindo. O movimento do dólar hoje ajudou. Dá para começar a pensar em aplicar um pouco", resumiu o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano. O dólar à vista caiu 1,13%, para R$ 6,1125.

O apetite ao risco no câmbio que beneficiou também a curva de juros foi atribuído, em boa medida, à reportagem do jornal The Washington Post afirmando que o presidente dos EUA, Donald Trump, restringiria a aplicação de tarifas de importação durante seu governo a alguns setores. Trump negou a informação, à qual chamou de "fake news", o que, porém, não interferiu no bom humor do mercado.

Desde o começo da semana passada, as taxas dos contratos mais líquidos já devolveram até 60 pontos-base, mas ainda seguem em níveis elevados, com o miolo e parte dos vencimentos longos resistindo na casa dos 15%. A precificação de Selic terminal nos DIs no meio da tarde ainda era agressiva, entre 16,25% e 16,50%, segundo Flávio Serrano. Para o Copom de janeiro, a curva projetava alta de 125 pontos-base e para o Copom de março, em torno dos 100 pontos sinalizados pelo último Copom.

A precificação da curva está acima do que trouxe hoje o Boletim Focus. A mediana para o fim do ciclo, projetado para o fim de junho, subiu a 15%, sem indicação de cortes para este ano. Apesar do aumento da expectativa para a Selic, as projeções de inflação voltaram a piorar, com as medianas para 12 meses à frente (4,96%) e 2025 (4,99%) já flertando com 5%. A mediana para câmbio no fim de 2025 subiu de R$/US$ 5,96 para R$/US$ 6.

Serrano considera que o ritmo de piora das projeções de IPCA no Focus tem diminuído e deve se estabilizar em breve, ainda que em patamar elevado. "Deve parar nos 5%, 5,10% neste ano e para o ano que vem, entre 4% e 4,10%. É provável que 2027 e 2028 busque algo perto de 4%", afirma.

Na avaliação do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o mais relevante foi a elevação da mediana de IPCA para 2027, de 3,83% para 3,90%, marcando a 5ª semana consecutiva de avanço. "Esse movimento ocorre em um horizonte além do alcance imediato da política monetária, denotando um esfacelamento adicional das instituições do arcabouço fiscal e monetário", argumentou.

Profissionais da renda fixa veem um melhora mais consistente da curva atrelada ao dólar a níveis mais baixos e a novas medidas fiscais para complementar o pacote de corte de gastos, considerado insuficiente para estabilizar a dívida de longo prazo. "Quando isso começar a acontecer, pode haver um fluxo mais vendedor. Só que, para cair bastante mesmo, vai precisar avançar na votação do orçamento de 2025, que só acontece em fevereiro, e, principalmente, em novas medidas. São essas coisas que vão, de fato, fazer o mercado reduzir mais prêmio", diz Serrano.

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