O magnata Rupert Murdoch anunciou nesta quinta-feira, 21, que deixará a presidência da Fox Corporation e da NewsCorp, empresas das quais também é o fundador, deixando o comando do negócio para o seu filho Lachlan. O empresário de 92 anos, que foi uma das inspirações para criar Logan Roy, o protagonista da série Succession, da HBO, deixará o cargo em novembro.
Ao longo de sua carreira como um dos "barões da comunicação" na Austrália, no Reino Unido e nos Estados Unidos, o bilionário, que iniciou no negócio por uma herança de família, acumulou polêmicas, com um dos escândalos midiáticos de maior repercussão do Reino Unido e farpas trocadas com Donald Trump. Confira abaixo algumas curiosidades sobre a carreira e vida pessoal de Murdoch.
Herança familiar
Murdoch entra para o mercado da comunicação na década de 1950, depois que o pai, que era editor de um jornal na Austrália, morre e lhe deixa o controle da empresa. Em poucos anos, o negócio se torna um grande conglomerado de mídia, comprando marcas já existentes e criando novas. News of the World, Sun, New York Post e Times of London foram alguns dos nomes acrescentados ao rol de seus negócios, conforme contou o Wall Street Journal - do qual também é proprietário.
O empresário, que nasceu na Austrália e estudou no Reino Unido, optou por se tornar um cidadão norte-americano, já que os Estados Unidos impõem a proibição para estrangeiros possuírem uma grande participação em propriedades de radiodifusão dos EUA.
Em 1986, ele lançou a Fox nos Estados Unidos, como uma rival da ABC, emissora que se baseou em franquias como Os Simpsons e o futebol americano da NFL. Poucos anos depois, na década de 1990, Murdoch mirou a CNN como uma aposta de concorrência, e criou a Fox News como um canal de notícias fechado de direita.
Noivado de 1 mês
Em março deste ano, Murdoch, aos 92 anos, disse que pretendia se casar pela quinta vez, anunciando o noivado com Ann Lesley Smith, de 66 anos, ex-modelo, cantora, compositora e apresentadora de talk show de rádio. O casal havia se conhecido em setembro do ano passado, em uma vinícola.
"Eu estava muito nervoso", disse Murdoch à colunista de fofoca do Post Cindy Adams sobre seu relacionamento com Smith. "Eu temia me apaixonar - mas sabia que esta seria a minha última. É melhor que seja. Estou feliz", disse ele, na época.
O noivado foi anunciado poucos meses após o divórcio com Jerry Hall, a modelo e atriz com quem se casou em 2016 e que é mãe de quatro filhos do cantor Mick Jagger. O novo amor, porém, durou pouco. Em abril, segundo a CNN, uma pessoa próxima a um dos dois contou que o noivado havia sido desmanchado, sem deixar claro o que aconteceu.
Os casamentos anteriores de Murdoch geraram seis filhos, incluindo quatro filhos adultos - Prudence, Elisabeth, Lachlan e James - que tiveram papéis na operação de suas empresas. Ele também tem duas filhas, Grace e Chloe, de seu casamento com sua terceira mulher, Wendi Deng, de quem se divorciou em 2013 após 14 anos juntos.
Escândalo das escutas
Rupert Murdoch esteve, em 2011, no centro do escândalo das escutas ilegais no Reino Unido, uma das maiores polêmicas midiáticas do país. No episódio, o jornal News of the World, que pertencia a Murdoch, foi desmascarado por ter grampeado mensagens telefônicas de quase 800 pessoas em uma tentativa de obter furos para o jornal. Famosos, políticos, membros da família real e até mesmo vítimas de crimes ou parentes deles estavam entre as centenas de pessoas que tiveram celulares hackeados.
Em julho daquele ano, Murdoch e seu filho, James, testemunham perante ao Parlamento sobre o escândalo. Durante o depoimento, um manifestante bateu com um prato cheio de uma substância branca, que parecia creme de barbear, contra o rosto de Murdoch. O News of the World foi às bancas pela última vez no dia 10 de julho de 2011.
Relação complicada com Trump
Com a chegada de Donald Trump à política nacional norte-americana, a Fox News rapidamente se colocou como um palanque para reforçar as ideias do republicano. Após as eleições de 2020, cuja vitória foi de Joe Biden, os apresentadores do canal chegaram a endossar a falsa narrativa de que a eleição americana de 2020 foi roubada de Donald Trump - o que posteriormente Murdoch admitiu e levou a um processo de difamação movido pela Dominion Voting Systems, empresa de tecnologia eleitoral.
Apesar da afinidade do canal com o republicano e de uma presença massiva de trumpistas na audiência da Fox News, nos bastidores, na verdade, a relação entre Murdoch e Trump era azeda. O então presidente da emissora chegou a escrever em um e-mail dizendo que Trump estava ficando "cada vez mais louco" após a eleição. Ele chegou a dizer em uma troca de mensagens que, pouco após as eleições perdidas, Trump se tornaria "irrelevante" e que o canal teria, então, muito a dizer sobre "Biden, democratas e nomeações".
Trump devolveu as declarações acusando Murdoch de estar envolvido nas supostas fraudes eleitorais. "Rupert Murdoch deveria se desculpar com seus telespectadores e leitores por sua defesa ridícula da eleição presidencial de 2020. Quantas trapaças e manipulações ele tem a ver?", disse.
Michael Wolff, autor do livro sobre o magnata da mídia The Fall: The End of Fox, lançado nesta semana, revelou em sua obra que Murdoch chega a desejar a morte de Trump, de acordo com o The Guardian. "A morte de Trump tornou-se um tema de Murdoch: 'Estaríamos todos melhor...?' 'Isso tudo seria resolvido se...' 'Como ele poderia ainda estar vivo, como ele poderia?' 'Você o viu? Você já viu como ele é? O que ele come?'", descreve o livro.