SÃO PAULO (Reuters) - A Natura (SA:NATU3) anunciou nesta quarta-feira acordo para compra da norte-americana Avon (N:AVP) numa transação com troca de ações que deve criar o quarto maior grupo de beleza do mundo.
Pelos termos do acordo, a Natura vai deter 76% dos negócios combinados com mais de 10 bilhões de dólares em receita anual, informou a empresa brasileira.
Após a Natura entrar em lojas de varejo de alto nível com as aquisições da Aesop, em 2013, e da The Body Shop, em 2017, a compra da maior rival em vendas diretas é uma aposta renovada no core business da empresa de distribuição porta-a-porta.
O Brasil é o maior mercado da Avon, representando quase um quarto das vendas, mas o negócio aqui sofreu nos últimos anos devido à fraca economia e à forte concorrência da Natura.
Agora, a empresa norte-americana de 133 anos concordou com os termos da troca, de 0,3 ação da Natura para cada ação da Avon. Isso avalia o patrimônio da Avon em cerca de 2 bilhões de dólares, representando um prêmio de 28% sobre o preço de fechamento da ação em 21 de maio.
As ações da Avon subiram 9,1% nesta quarta-feira e as da Natura subiram 9,4%, com investidores aplaudindo a consolidação no mercado brasileiro. Tendências próprias do Brasil protegeram o modelo de venda direta de cosméticos, com consultores terceirizados vendendo principalmente para conhecidos, e da ameaça do varejo online, que tem prejudicado economias mais desenvolvidas. A Natura tem uma liderança no mercado de vendas diretas no Brasil, de acordo com o grupo de pesquisa Euromonitor, que estima uma participação de mercado de 31% para a empresa, seguido por uma participação de quase 16% da Avon. A Natura estimou que o acordo traga entre 150 milhões e 250 milhões de dólares de economia de custos anuais. Muitos consultores já vendem tanto produtos da Avon como da Natura, o que o analista do Brasil Plural (SA:BPFF11), Andres Estevez, diz que podem ajudar a aliviar temores das autoridades antitruste. A transação deve ser concluída no início de 2020. Se o negócio fechar dentro do prazo, a Natura disse que pagaria 530 milhões de dólares a investidores detentores de ações preferenciais da Série C na Avon, acrescentando que garantiu financiamento de Bradesco (SA:BBDC4), Citigroup e Itaú Unibanco (SA:ITUB4) para efetuar o pagamento.
(Por Gabriela Mello)