Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - A Petrobras detalhou os principais pontos de seu plano estratégico para 2021-2025 em seu Investor Day, realizado na última segunda-feira (30), tendo como destaques a projeção de crescimento de produção; o foco no pré-sal; o Capex; e as vendas de ativos.
Um dia depois do evento, a ação PN (SA:PETR4) fechou as negociações desta terça-feira (1) em alta de 2,8%, a R$ 25,60, na mesma direção do Ibovespa, que terminou o pregão em alta de 2,3%, aos 111.4000 pontos. O papel ON (SA:PETR3) também fechou no verde, em alta 2,94%, a R$ 26,30.
Ainda que parte do mercado tenha se decepcionado com um a projeção de um crescimento mais baixo na produção no novo plano, cerca de 5% menor do que o anunciado um ano antes, a gestão explica que o crescimento na produção pode ser sacrificado pelos critérios mais específicos na alocação de capital.
“Isso vem como uma mudança dramática para uma empresa para a qual o crescimento sempre veio em primeiro lugar”, diz o BTG em relatório distribuído na terça-feira. O banco destacou ainda a mensagem de desalavancagem, aumento de dividendos e comprometimento maior com ESG trazida pela gestão na apresentação.
O Goldman Sachs vai na mesma linha: “Apesar de a curva de produção depois da venda pendente de ativos provavelmente oferecer um crescimento mais achatado à frente, esperamos que o foco da companhia em lucratividade de ativos do pré-sal compense nos próximos anos.”
A análise da Mirae Asset é que “a Petrobras vem focando cada vez mais em ativos estratégicos e com maior rentabilidade. Continuamos otimistas com a estratégia da empresa”, explica a corretora em relatório.
A visão da XP é um pouco menos positiva. “Temos uma avaliação geral neutra do Plano Estratégico da Petrobras para 2021-25, uma vez que a maioria das metas anunciadas estão em linha com as nossas projeções e refletem diversos pontos já comentados pela administração da companhia ao longo do ano”, diz relatório da corretora.
A XP destaca como positivas as metas mais tangíveis e claras de ESG fornecidas pela empresa, “visto que, em última instância, devem levar a um maior interesse em ações por parte dos investidores focados em tais métricas”, explica.
Curva de produção
A expectativa da Petrobras é que sua produção, após os desinvestimentos, alcance 2,21 milhões de barris de petróleo por dia (mmbpd) em 2021, permanecendo achatada em 2022-25, a 2,3 mmbpd.
Apesar da curva mais fraca, o pré-sal deve alcançar 80% na produção de petróleo em 2021, versus 69% em 2020, levando a retornos mais fortes e com preços de extração mais baixos por barril. “Alguns chamam isso de conservadorismo, nós chamamos de prudência”, diz o BTG.
Capex
Do Capex total, estimado em US$ 55 bilhões, US$ 46,5 bilhões, ou 84%, serão alocados em exploração e produção. No plano estratégico anterior, a estimativa de Capex era de US$ 75,7 bilhões. A projeção da XP, por sua vez, é de US$ 63,7 bilhões.
Segundo a Petrobras, os novos investimentos devem ser economicamente viáveis a US$ 35 por barril de Brent. Os investimentos devem ainda ser baixos em emissão de carbono. Isso explica a redução na projeção de Capex, 2% menor em relação a um ano antes.
Venda de ativos
A Petrobras declarou na apresentação que espera levantar entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões com a venda de ativos até 2025, o que seria o suficiente para financiar quase metade de seu plano de Capex. Nessa métrica, a projeção do plano estratégico 2020-2024 era entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões, enquanto a estimativa da XP fica entre US$ 29 bilhões e US$ 35 bilhões.
Os principais desinvestimentos são 8 de suas 13 refinarias, que o BTG avalia em cerca de US$ 9 bilhões; fatias na BRDT e na Braskem (SA:BRKM5), que o banco avalia em US$ 9 bilhões; e mais de 200 ativos onshore de águas rasas. Apesar de não ter fornecido prazos, a companhia sinalizou que a venda das três primeiras refinarias pode ocorrer já em 2021.
Dividendos
A Petrobras estabeleceu um limite de aumento de dividendos de US$ 69 bilhões em dívida bruta e alavancagem líquida de menos de 2x, o que, na visão do BTG, pode ser alcançado ainda em 2022, ou ainda mais cedo a depender dos recursos da venda de ativos. A meta da petrolífera para o pagamento de dividendos é de US$ 30 bilhões a US$ 35 bilhões nos próximos cinco anos, em linha com a expectativa de US$ 30 bilhões do BTG.
A expectativa do Goldman Sachs para o pagamento de dividendos é de US$ 34 milhões, devido, segundo o banco, a uma estimativa maior do preço do petróleo.
Avaliações
Por considerar que o rali recente das ações ainda não precifica toda a história, o BTG recomenda Compra e revisa seus preços-alvo para US$ 13 para PBRa (NYSE:PBRa) e R$ 34 para PETR4, acreditando que a empresa está a um longo caminho de fechar o gap de valuation em relação a seus pares.
O BTG destaca ainda que considera, para sua análise, US$ 50 por barril de Brent no longo prazo, o que significa potencial de upside.
O Goldman Sachs, por sua vez, fixa seus preços-alvo em US$ 14,20 para PBR (NYSE:PBR); US$ 12,90 para PBRa; R$ 40,50 para PETR3 e R$ 36,80 para PETR4, e também mantém recomendação de Compra. O banco também acredita em uma assimetria positiva de médio prazo nos níveis atuais da Petrobras.
A XP acredita que o cumprimento das metas estabelecidas no plano deve contribuir para a valorização das ações da Petrobras daqui para frente, sobretudo as de endividamento. A corretora recomenda Compra para as ações, com preço-alvo de R$ 32 tanto para PETR4 quanto para PETR3, contra preços anteriores de R$ 30 e R$ 29, respectivamente.
A Mirae, finalmente, tem preço-alvo de R$ 33,26 para PETR4, com recomendação de Compra.
Segundo o Goldman, os principais riscos para o resultado da companhia são preços do Brent abaixo do esperado, riscos de câmbio, produção menor do que a prevista e intervenção do governo nos preços.