Investing.com – As ações da Petrobras (BVMF:PETR4) lideravam quedas do Ibovespa na manhã desta sexta-feira, 04, em repercussão a um balanço pressionado pelo novo patamar da cotação do petróleo. Às 11h27 (de Brasília), os papéis ordinários perdiam 5,01%, a R$32,61, enquanto os preferenciais estavam em baixa de 2,78%, a R$30,06.
A estatal de petróleo registou um lucro líquido de R$28,8 bilhões, uma retração de 47% em relação ao mesmo período do ano passado, diante da diminuição do preço médio do brent no período em 31,1%, para US$78,39 por barril. A receita de vendas da empresa recuou 33,4% na mesma comparação e a companhia ainda foi impactada pela taxação da exportação de petróleo em R$1 bi.
O Itaú BBA considerou o balanço neutro, com dados em linha com esperado. O Ebitda ajustado recorrente de R$ 58,2 bilhões (USD 11,7 bilhões) ficou 5% abaixo das projeções do banco, conforme relatório. Segundo os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello, a Petrobras registrou queda trimestral na produção nacional de petróleo e gás, conforme previamente apontado em dados operacionais. “Esta queda ocorreu principalmente ao maior volume de perdas com paradas e manutenção, bem como o declínio natural de campos maduros e desinvestimentos, compensados parcialmente pelo ramp-up da P-71 e entrada em operação dos FPSOs Almirante Barroso e Anna Nery”, detalham.
O UBS BB considerou os resultados fracos, com balanço dando mais passo para um novo normal, diante do patamar da cotação do barril do petróleo brent. “Para os investidores, acreditamos que o 2T23 pode ser o primeiro sinal do que pode ser novo patamar recorrente de Ebitda da Petrobras e como isso pode se traduzir em futuras previsões de distribuição de dividendos”, destacam Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos.
Pagamento de dividendos e programa de recompra
A empresa também anunciou um pagamento de dividendos em linha com a atual política. Em comunicado ao mercado, informou que o Conselho de Administração aprovou distribuição de proventos de R$1,149304 por ação ordinária e preferencial, como antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2023, declarado com base no balanço de 30 de junho de 2023. O pagamento será efetuado em duas parcelas, uma em 21 de novembro e outra em 15 de dezembro, com base na posição acionária em 21 de agosto para as ações negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) e 23 de agosto para detentores de American Depositary Receipts (ADRs) negociadas na New York Stock Exchange (NYSE) (NYSE:PBR).
A nova política prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões), a companhia deve distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre.
“O valor anunciado é 83% inferior aos R$ 87,8 bilhões distribuídos no 2TRI22 e aos R$ 24,7 bilhões do 1TRI23”, lembra a EQI Investimentos.
“O dividend yield de 3,7% ficou acima da nossa estimativa de 3,3% para a atual política de dividendos, sem pagamentos extraordinários ou recompras”, destacou o Itaú BBA, que possui recomendação market perform para as ações, com preço-alvo de R$27 para as ações preferenciais e US$10,2 para as ADRs.
“Para 2024, esperamos um rendimento de dividendos de 10-13%”, adianta o UBS BB, que conta com indicação de venda para as ações, com preço-alvo de R$22.
A Petrobras ainda anunciou a aprovação de um programa de recompra de ações preferenciais sem redução do capital social, com prazo máximo de doze meses e número de papéis de até 157,8 milhões.
“Consideramos a notícia ligeiramente positiva, considerando que apenas ações PNs serão visadas e o tamanho relativamente pequeno do programa (2,8% do total de PNs e 1,2% do total de capital)”, avalia a XP Investimentos (BVMF:XPBR31), ao apontar que os recursos a serem utilizados virão dos apurados para distribuição aos acionistas no âmbito da atual política de remuneração. A XP reforçou recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo a R$36,70.