Por Rodrigo Viga Gaier e Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) informou nesta segunda-feira que não pretende reduzir os preços dos combustíveis no momento, mas que está permanentemente avaliando as condições do mercado, depois que notícias sugerindo um iminente corte dos preços derrubaram as ações da estatal nesta segunda-feira.
"A Petrobras informa que não há previsão, neste momento, de reajuste nos preços de comercialização de gasolina e diesel. Sobre o assunto, vale esclarecer que a companhia avalia permanentemente a competitividade de suas práticas e condições comerciais", disse a estatal em comunicado.
No domingo, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiou que a Petrobras deveria anunciar nesta segunda-feira redução dos preços da gasolina e do diesel, levando à queda das ações da estatal nesta segunda-feira na Bovespa. [nL2N1760CD]
As ações preferenciais da Petrobras recuaram 9,3 por cento, enquanto as ações ordinárias recuaram 8,8 por cento, também pressionadas pelo recuo do preço do petróleo no mercado internacional. [nL2N1771J6]
Analistas afirmaram que uma redução nos preços dos combustíveis seria muito negativa para a Petrobras, uma vez que aumentaria a pressão sobre o fluxo de caixa da estatal, que busca se recuperar de prejuízo de 36,9 bilhões de reais registrado no quarto trimestre. [nL2N16U0DU]
As notícias também derrubaram ações de empresas do setor de açúcar e etanol, produto concorrente da gasolina no Brasil. O papel da Cosan fechou em baixa de 7,82 por cento, maior declínio percentual diário desde agosto de 2011.
De acordo com um membro do Conselho de Administração da Petrobras, a informação publicada pelo colunista tratava-se de "um balão de ensaio do governo" para "testar a reação" do mercado. E devido à forte reação, houve um recuo.
Segundo o conselheiro, que pediu anonimato, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, enviou e-mail ao Conselho de Administração afirmando "que haviam estudado a redução, mas não tomaram decisão".
Um corte nos preços patrocinado pelo governo federal, sócio majoritário da Petrobras, poderia ajudar na criação de uma agenda positiva, com a redução de pressões inflacionárias, diante das dificuldades políticas enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff.
Na avaliação do presidente da consultoria de açúcar e etanol Datagro, Plinio Nastari, seria populismo reduzir o preço agora, até porque o preço da gasolina vendida às distribuidoras no Brasil está mais baixo do que o produto importado entregue no mercado brasileiro, considerando custos como frete marítimo, entre outros.[nL2N1771HW]
PRECIPITAÇÃO?
Segundo uma fonte da empresa ouvida pela Reuters mais cedo, uma decisão sobre o preço agora seria no mínimo precipitada, uma vez que há muitos fatores que podem interferir nos preços internacionais do petróleo no curto prazo.
"Tem ainda uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) (em 17 de abril) sobre produção, que vai direcionar para onde vão esses preços (do petróleo)... mexer agora seria precipitado", completou a fonte.
(Reportagem adicional de Roberto Samora)