Investing.com – A retomada dos preços do barril do petróleo para próximo de US$90 (na cotação do brent) é um dos fatores monitorados para as empresas produtoras da commodity. No entanto, analistas questionam o quanto isso pode beneficiar a Petrobras (BVMF:PETR4), com defasagem dos preços dos combustíveis cobrados pela estatal. Nesta quarta, 10, às 11h42 (de Brasília), as ações ordinárias subiam 2,24%, a R$40,69, após a empresa anunciar a descoberta de petróleo em águas ultra profundas da Bacia Potiguar. Os papéis preferenciais estavam em alta de 1,70%, a R$39,39.
A defasagem de preços dos combustíveis já teria acendido alerta na área técnica, diante da necessidade de um possível reajuste de preços em meio à alta do dólar e da cotação do barril de petróleo, o que pode ser debatido nos próximos dias, mas sem grandes chances de mudanças em meio à crise envolvendo a distribuição de proventos extraordinários e a fritura do atual CEO, Jean Paul Prates. A estatal não reajusta os preços há mais de 170 dias.
Aumento do petróleo tende a impulsionar a geração de caixa e pode fomentar um aumento na distribuição de dividendos, no entendimento de CEO da Smart House Investments, André Colares – mas se os preços forem repassados ao mercado.
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“A priori, sim. Como o custo de extração do petróleo é estável, esse aumento do preço, excetuando alguns outros custos, eles podem elevar a geração de caixa da empresa”. No entanto, é preciso monitorar se a Petrobras vai passar o aumento nos preços para as distribuidoras, pondera.
Ao comparar a situação com o boom das commodities com o início da Guerra da Ucrânia, o que levou a um aumento nos lucros e dividendos da estatal, Flavio Conde, analista da Levante, afirma que na época o cenário era diferente, pois a Petrobras seguia o preço do petróleo.
“O governo Bolsonaro parecia que era contra o aumento, mas não fez grandes coisas para mudar, acabou deixando a Petrobras reajustar o preço e, em troca, reduziu na marra o ICMS e o IPI”, recorda. Com defasagem estimada em cerca de 15% para a gasolina, o analista pondera que “não parece ter clima para o governo aumentar o preço da gasolina e do diesel”.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, não está muito otimista com o incremento do barril do petróleo, pois avalia que as notícias sugerem que a guerra entra Israel e Hamas, um dos fatores que vêm levando às cotações para cima, pode estar próxima do fim, na sua opinião.
O especialista avalia que a alta do petróleo é resultado de uma economia global mais aquecida do que o esperado, incluindo nos Estados Unidos, que é um grande consumidor da commodity, além das tensões relacionadas aos transportes marítimos no Oriente Médio. “Baixando a temperatura em Israel, esse preço não deve superar os US$100”, avalia, na expectativa de que o preço do barril ande “lateralizado” no patamar de US$90.
Expectativa para dividendo extra
O mercado aguarda a definição a respeito da distribuição de dividendos extraordinários de R$43,9 bilhões aos acionistas – ou parcela desse montante. Na semana passada, notícias em jornais como CNN e O Globo apontaram para um acordo entre ministros na defesa da distribuição dos dividendos. A estatal rebateu em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informando que nada estava definido. Ainda, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou que tal acordo tenha sido firmado.
A Levante acredita que a impressão é de que o dividendo extra pode sair no curto prazo, mas o processo é um “show de horrores” e que há não garantia de que os próximos serão pagos, mesmo que haja um anúncio para este repasse a acionistas. “A gente volta à época da Dilma onde as decisões eram tomadas dentro do Palácio do Planalto e não na empresa. E a gente sabe o que aconteceu na época da Dilma”, recorda.
Uma possível mudança na gestão pode empacar ainda mais o pagamento, no entendimento de Eyng, que pondera que as contas públicas do governo – maior acionista da petroleira – seriam beneficiadas com eventual distribuição. “A informação é que a ordem da política [de reter o pagamento] veio diretamente do Lula. Sendo que o Mercadante seria mais próximo do Lula, a tendência é esfriar realmente. Mas eu imagino que o que o governo ainda não tem nada definido, mas isso também acaba contribuindo com ajuste fiscal do Brasil”, destaca o CEO da Multiplike, na expectativa de uma definição até junho.
CEO da Smart House Investments, André Colares, avalia ser difícil prever se haverá o pagamento de dividendos no curto prazo. “É uma questão que é política, que depende um pouco do que o governo acredita para o futuro do Petrobras”, afirma. Há um choque entre a visão do mercado e a visão do governo, segundo Colares. “Uma visão possui mais foco na produção de petróleo, de venda de ativos não core, uma companhia mais leve e mais geradora de caixa. Outra visão ligada ao investimento também em matrizes energéticas, renováveis, uma visão um pouco mais de longo prazo, um peso maior na cadeia também de refino e outras cadeias associadas”, compara, ao avaliar que a segunda visão parece ser a do governo, o que passaria por aumento dos investimentos e ajustes na política de distribuição de dividendos.
Nesta semana, relatório do BTG (BVMF:BPAC11) apontou que uma eventual adesão da Petrobras a um acordo tributário relacionado à disputa de impostos com o governo poderia ter impacto negativo de até US$4,2 bilhões sobre os dividendos pagos neste ano.
O que o InvestingPro diz sobre a Petrobras
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A saúde financeira é considerada com desempenho excelente, com nota quatro, de uma métrica que vai de um a cinco.
A média de 13 modelos compilados pelo InvestingPro indica um preço-justo de R$58,74, potencial de alta de 48%, com grau de incerteza médio. O alvo de 10 analistas é mais pessimista, em R$40,60.
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