Por Marta Nogueira e Alexandra Alper
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) reduziu mais uma vez a curva de produção de petróleo planejada para os próximos anos no Brasil, em meio a atrasos na entrega de plataformas, mostrou nesta quarta-feira seu plano de negócios quinquenal, que veio dentro da expectativa de analistas ouvidos pela Reuters.
Em 2023, a produção de petróleo da empresa no Brasil deverá alcançar 2,84 milhões de barris de petróleo (bpd), segundo cálculos do Itaú BBA, com base no plano de negócios da Petrobras.
No plano anterior, a Petrobras previa alcançar 2,9 milhões de bpd em 2022.
"Aos meus olhos, o aspecto mais interessante do novo plano é outro corte nas metas de produção. Francamente, perdi a conta de quantas vezes as metas de produção foram reduzidas nos últimos cinco anos ou mais, afirmou o analista Pavel Molchanov, da corretora Raymond James.
Ao longo do plano, entre 2019 e 2023, está prevista a entrada em operação de 13 novas plataformas. No período anterior, entre 2018 e 2022, estavam previstas 18 plataformas, sendo que quatro delas já entraram em 2018, uma ainda está prevista para este ano e duas foram postergadas.
Em relatório, o Itaú BBA pontuou que as estimativas de produção vieram próximas do esperado pelo banco, que previa 2,74 milhões de barris ao dia, em meio a alguns atrasos.
"Algumas plataformas foram jogadas para frente, isso implica em uma curva marginalmente menor de crescimento da produção", disse Walter De Vitto, analista de petróleo da Tendências, que pontuou que o plano veio "sem grandes surpresas", em linha com o que a atual administração vem fazendo.
No plano, a Petrobras prevê investir 84,1 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, um aumento de quase 10 bilhões de dólares na comparação com o plano anterior, com o setor de exploração e produção de petróleo e gás mantendo a maior parte dos aportes.
Aprovado na véspera pelo conselho de administração da empresa, o novo plano supera os investimentos de 74,5 bilhões de dólares previstos entre 2018 a 2022 e ainda indica potenciais vendas de ativos de 26,9 bilhões de dólares no período do plano.
A empresa também traçou como nova meta dívida líquida sobre Ebitda ajustado abaixo de 1,5 vez em 2020.
Vitto, da Tendências, destacou que, na área de refino, a Petrobras reiterou a intenção de concluir a unidade de redução de emissões atmosféricas (SNOX) e ampliação do processamento da primeira unidade de refino da Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, além da conclusão de segunda unidade de refino da refinaria.
Além disso, incluiu no plano estudo de viabilidade em curso para a conclusão da refinaria do Comperj, no Rio de Janeiro, em parceria com a chinesa CNPC.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), destacou que o plano veio dentro da expectativa do mercado, com aumento razoável da produção, desinvestimentos importantes e meta ambiciona de alavancagem.
"O desafio do próximo governo é manter esse plano e acho que vai de encontro com aquilo que o governo (de Jair) Bolsonaro pretende fazer a partir do ano que vem", disse Pires.
Segundo ele, a gestão do ex-presidente Pedro Parente e de seu sucessor Ivan Monteiro foi focada mais no financeiro, o que para ele era correto devido à situação das contas da companhia, e que a gestão do economista Roberto Castello Branco, nomeado pelo governo eleito como próximo presidente, será mais estratégia e, portanto, mais focada nos desinvestimentos.
(Por Marta Nogueira e Alexandra Alper; repórtagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Paula Laier)