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Petrobras surpreende parte do mercado ao elevar apenas preço do diesel

Publicado 06.01.2017, 16:48
© Reuters. Funcionário pinta tanque da Petrobras em Brasília, no Brasil
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Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) surpreendeu parte do mercado ao elevar apenas o preço do diesel nas refinarias nesta sexta-feira, uma vez que alguns analistas calculam que as cotações da gasolina estão abaixo da paridade de importação, o que não estaria de acordo com a atual política da estatal.

A petroleira anunciou na noite de quinta-feira um aumento de 6,1 por cento, em média, do diesel vendido nas refinarias às distribuidoras, marcando o segundo mês consecutivo que o derivado do petróleo tem o valor elevado.

Em metade dos seis relatórios obtidos pela Reuters, nesta quinta-feira, analistas calculam que a gasolina está sendo negociada abaixo da paridade de importação.

Em contrapartida, afirmaram ser positivo o aumento do diesel, principal combustível vendido pela Petrobras no país.

Diego Mendes e André Hachem, analistas do Itaú, afirmaram em documento a clientes que, com o reajuste, o preço do diesel está com um prêmio de 10 por cento ante a paridade de importação, enquanto o preço da gasolina está com desconto de 5 por cento, assumindo custos de importação de 12 dólares/barril.

"A ausência de um aumento de preços para a gasolina foi surpreendente, dado o desconto à paridade internacional, o que sem dúvida exigiria um aumento de preços agora", afirmaram Diego Mendes e André Hachem, analistas do Itaú, em relatório.

Ao anunciar sua nova política de preços de combustíveis, em outubro, a Petrobras afirmou que buscava preservar o nível de participação no mercado e garantir que os preços nunca fiquem abaixo da paridade internacional.

Na avaliação do banco Santander (SA:SANB11), após o aumento de preço, a Petrobras está vendendo diesel com prêmio de 11 por cento e a gasolina com desconto de 2,7 por cento, em ambos os casos considerando a paridade de preços internacionais e um custo de importação de aproximadamente 10 dólares/barril.

Para Christian Audi, analista do Santander, a sazonalidade poderia explicar o aumento de preços somente no diesel. Isso porque a demanda por gasolina no hemisfério norte tende a ser menor durante o inverno, e a de diesel, maior.

"Desde o último reajuste de preços em dezembro, os preços internacionais da gasolina subiram 12,1 por cento, mas o diesel apenas 6,1 por cento. Segundo a empresa, a sazonalidade internacional foi considerada na determinação dessa variação de preço do combustível", afirmou Audi, em relatório a clientes.

A corretora Brasil Plural (SA:BPFF11), por sua vez, acredita que antes do reajuste a gasolina era negociada no país com um prêmio de 4 por cento, enquanto o diesel estava sendo vendido com prêmio de 12 por cento.

"A falta de ajuste nos preços da gasolina, que foi vendido a um prêmio significativamente menor do que o diesel, deve confundir o mercado, e aumenta as incertezas sobre como os ajustes de preços são decididos", afirmou a corretora.

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a decisão da empresa de não reajustar a gasolina é preocupante.

"Não aumentar a gasolina foi realmente uma surpresa ruim, porque está abaixo da paridade, isso vai contra o que a Petrobras anunciou de política de preços", afirmou Pires, destacando não descartar que um aumento da gasolina seja anunciado em breve.

Filipe Gouveia, analista do Bradesco (SA:BBDC4) BBI, destacou em relatório a clientes que o banco previa um aumento de preços de 8 por cento para a gasolina e 5 por cento para diesel.

"Alguém poderia argumentar que a Petrobras não está aumentando os preços da gasolina para combater a inflação, argumento com o qual discordamos, já que a empresa tem uma política de preços que considera uma margem não revelada para os riscos associados à operação", afirmou Gouveia.

O analista do Bradesco BBI ponderou ainda que o mercado não sabe qual o preço internacional da gasolina que a Petrobras utiliza como comparação nos cálculos.

Segundo ele, o banco usa como referência o preço da gasolina do Golfo do México, que sofreu elevação de 7 por cento desde o último reajuste do combustível no Brasil. No entanto, ao considerar a referência europeia, o preço da gasolina cresceu apenas 4 por cento no período, segundo Gouveia.

Após o aumento do diesel, o Bradesco BBI vê o diesel doméstico com um prêmio de 9,1 por cento, e a gasolina, com um desconto de 3,8 por cento.

As ações preferenciais da estatal operavam em baixa de 0,3 por cento às 16:12, enquanto o preço do petróleo Brent subia 0,2 por cento. O Ibovespa recuava cerca de 1 por cento no mesmo horário.

Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente questionamento sobre o assunto.

SEM FRUSTRAÇÃO

Em contrapartida, Andre Natal, analista do Credit Suisse, afirmou calcular que a ausência de um aumento do preço da gasolina pela Petrobras "é perfeitamente compreensível", porque segundo seus cálculos o combustível está sendo negociado com um prêmio de 8 a 10 por cento ante a paridade de importação.

"Mas achamos que isso pode ser frustrante para a maioria dos participantes do mercado, já que o cálculo típico da paridade do preço da gasolina não considera questões de qualidade e isso pode ter levado muitos a ver a gasolina com um desconto significativo e esperar um aumento", afirmou Nadal.

Para o analista do Credit Suisse, o aumento do diesel foi positivo, pois consolida mudanças constantes nos preços domésticos e mostra que a empresa está em busca que manter prêmios ante a paridade de importação.

© Reuters. Funcionário pinta tanque da Petrobras em Brasília, no Brasil

Já o BTG Pactual (SA:BBTG11) calcula que a gasolina está sendo negociada no Brasil com um prêmio de 9 dólares por barril, enquanto o diesel tem um prêmio de 22 dólares por barril.

(Por Marta Nogueira, com reportagem adicional de Paula Arend Laier; edição de Roberto Samora)

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