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Petrobras tem maior prêmio na venda de combustíveis em 11 meses

Publicado 11.12.2015, 17:04
© Reuters. Um trabalhador pinta um tanque da Petrobras em Brasília
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Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os baixos preços do petróleo devem garantir em dezembro os maiores prêmios desde janeiro para a divisão de Abastecimento da Petrobras (SA:PETR4) na venda de combustíveis, apontando para uma situação de lucratividade que tira do radar qualquer pressão para um reajuste de preços da gasolina e do diesel nos próximos meses.

Diferentemente do mercado internacional, que precifica os combustíveis com base na lei da oferta e demanda, a Petrobras fixa os preços dos combustíveis e evita transmitir volatilidade ao consumidor. Desde o início de novembro de 2014, a estatal reajustou os preços do diesel e da gasolina duas vezes, enquanto cotação do Brent caiu mais de 50 por cento no período.

Assim, a conjuntura de preços do petróleo em mínimas de sete anos atingidas nesta sexta-feira, diante de expectativas de uma manutenção do excedente no mercado global da commodity no próximo ano, vai contribuir para que a Petrobras permaneça vendendo gasolina e diesel às distribuidoras no Brasil por preços acima dos praticados no exterior, sem a necessidade de um reajuste, por vários meses entrando em 2016, segundo especialistas.

Dados de três analistas consultados pela Reuters apontam que os preços do diesel estão entre 39 e 31 por cento mais altos no Brasil ante o mercado internacional, dependendo da metodologia utilizada, enquanto as cotações da gasolina estão entre 25 e 22,7 por cento mais altas no país.

Essa situação só não é melhor do que em janeiro, quando a diferença estava em aproximadamente 50 por cento, com um câmbio mais favorável na época --o dólar está hoje a cerca de 3,90 reais, enquanto em janeiro oscilava em torno de 2,70 reais.

Com uma dívida de mais de 500 bilhões de reais, especialistas acham pouco provável que a Petrobras abra mão desse prêmio na venda de combustíveis, ainda mais porque o volume vendido neste ano registra queda acentuada no Brasil, em grande parte devido a fraqueza da economia brasileira, que enfrenta a maior recessão em décadas.

"A Petrobras não tem como reduzir esse prêmio", afirmou o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, frisando que os preços mais altos são "fundamentais" para a empresa neste momento em que busca melhorias na rentabilidade.

A divisão de Abastecimento da companhia amargou prejuízos bilionários entre 2011 e 2014, quando manteve os preços internos mais baixos que no exterior, mesmo importando grandes volumes para atender a forte demanda interna registrada, com o governo tentando segurar a inflação.

Cálculos do CBIE apontam que a Petrobras deixou de ganhar 57,6 bilhões de reais, entre janeiro de 2011 e outubro de 2014, vendendo os combustíveis por preços abaixo do mercado global, sendo 17,2 bilhões com a gasolina e 40,4 bilhões com o diesel.

Apenas no fim do ano passado, com a queda vertiginosa dos preços do petróleo, a relação se inverteu, mas 2015 não foi o suficiente para que a Petrobras recuperasse perdas acumuladas, mesmo tendo vendido diesel com vantagem durante todo o ano.

Desde novembro de 2014 até outubro deste ano, o CBIE calculou ganho de 10,9 bilhões para a Petrobras com a diferença positiva entre os preços praticados pela empresa no mercado interno e os preços internacionais da gasolina e diesel.

Se por um lado a Petrobras registra ganhos fortes na divisão de Abastecimento com a conjuntura atual do petróleo, de outro enfrenta problemas na divisão de Exploração & Produção, uma vez que os preços baixos da commodity impactam na extração em áreas como o pré-sal, com custos mais elevados.

SEM ALÍVIO

O analista de petróleo da Tendências Consultoria Walter de Vitto acredita que, com as informações atuais do mercado, é possível esperar que os preços da Petrobras fiquem acima dos praticados no exterior até pelo menos meados de 2016.

Vitto também prevê que a petroleira realize pelo menos um reajuste em 2016, ainda dependendo de variantes do mercado.

"Antes achávamos que apenas com os preços alinhados ou abaixo dos preços internacionais seriam reajustados, depois ela (a Petrobras) sinalizou que, mesmo os preços acima do mercado internacional, poderia ter um reajuste", disse ele.

Segundo a Tendências, a gasolina ficou 22,7 por cento mais cara no Brasil do que no exterior nos primeiros nove dias deste mês, enquanto o diesel ficou 31 por cento mais caro na mesma relação.

© Reuters. Um trabalhador pinta um tanque da Petrobras em Brasília

O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, avalia que a relação de preços é tão favorável para a Petrobras que a empresa poderia até reduzir os preços e desempenhar um papel de "quebrar a expectativa inflacionária" do país.

Segundo Silveira, a gasolina deve ficar, em média, em dezembro, 25 por cento mais cara no Brasil do que no exterior, enquanto o diesel deverá ficar 39 por cento mais caro.

Procurada, a Petrobras reiterou em nota que a política de preços permanece com o objetivo de alinhamento entre os preços domésticos e internacionais. "No entanto, os reajustes de preços praticados nos nossos produtos, sejam de aumento ou redução, evitam refletir a volatilidade dos preços do petróleo nos mercados internacionais e oscilações cambiais", afirmou.

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