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Petrobras tem negociações intensas sobre parcerias para investimentos, diz Bendine

Publicado 16.02.2016, 18:33
© Reuters. Presidente-executivo da Petrobras, Aldemir Bendine, em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro
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Por Luciano Costa

SANTOS (Reuters) - Em dificuldades diante dos baixos preços do petróleo e de um elevado endividamento, a Petrobras (SA:PETR4) está em negociações intensas sobre a possibilidade de parcerias para realizar investimentos em campos petrolíferos no futuro, e já conta com recursos para os aportes programados para este ano, afirmou nesta terça-feira o presidente da companhia, Aldemir Bendine.

"Possibilidade de parcerias, coisas do gênero, sempre existe, mas nosso foco permanece no pré-sal. Acho que você tem ene modelos de trabalhar nesse sentido, e há capacidade da empresa de fazer parcerias na exploração de um determinado campo, onde um parceiro possa carregar investimentos nesse campo", afirmou Bendine a jornalistas, durante evento em Santos (SP).

O executivo não entrou em detalhes sobre a possibilidade em estudo. "Não vou me precipitar em relação a isso, até porque são negociações intensas."

Bendine garantiu, no entanto, que a Petrobras tem recursos já reservados para investimentos neste ano.

Em seu último plano, a Petrobras projetou investimentos de 20 bilhões de dólares em 2016, ante 23 bilhões estimados para 2015.

Sem citar números, ele afirmou que o plano de venda de ativos em curso na estatal tem como principal objetivo reduzir a dívida, e não a obtenção de recursos para os aportes.

Para este ano, a empresa espera arrecadar mais de 14 bilhões de dólares com a venda de ativos.

"Os desinvestimentos... estão muito mais voltados a uma condição de melhor equalização da dívida do que com relação a investimento... a gente já tem no nosso orçamento a capacidade de investimento programada para este ano e será divulgada brevemente no nosso novo Plano de Negócios."

A última versão do Plano de Negócios 2015-2019 da Petrobras prevê investimentos de 98,4 bilhões de dólares no período, dos quais cerca de 80 por cento iriam para Exploração e Produção.

A dívida líquida da Petrobras fechou o terceiro trimestre de 2015 em 104,2 bilhões de dólares, o que representa uma relação entre a dívida e a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 5,24 vezes.

Ao mesmo tempo, o preço do petróleo tem caído devido a um excesso de oferta e à falta de um acordo definitivo entre os membros da Opep para reduzir a produção.

O Brent é negociado na casa dos 30 dólares, ante um pico de 115 dólares em junho de 2014.

Em apresentação antes de falar com os jornalistas, Bendine admitiu que a companhia passa por um "momento difícil", mas procurou minimizar os problemas, ao dar destaque ao desempenho operacional, que segundo ele tem dado "uma resposta" a "analistas e pessimistas".

Durante todo o evento em Santos, dedicado a anunciar a entrada em operação de uma plataforma no pré-sal da Bacia de Santos, Bendine destacou a aposta da Petrobras nessas áreas como uma saída para a atual situação.

"O principal ativo onde a gente tem concentrado todos nossos esforços, que é o pré-sal... estamos dando mostras de que a companhia tem uma capacidade ímpar em relação a essa reserva... e tem dado uma resposta maravilhosa e positiva (às dificuldades), ao contrário do que muitos às vezes têm comentado."

Bendine voltou a ressaltar que a Petrobras quer ser mais enxuta, leve e rentável, e afirmou que está otimista com o futuro da estatal. "Acreditamos que a companhia vai fazer a transição desse momento mais difícil."

Antes da fala do presidente, a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, também deu destaques aos resultados das atividades da empresa no pré-sal.

"Estamos fazendo sucessivos ajustes de nosso Plano de Negócios, mas sempre focando e dando prioridade para esse ativos por sua competitividade, sua habilidade de entregar valor no curto prazo para a companhia."

REGIMES DE EXPLORAÇÃO

Bendine disse que a discussão sobre mudança no regime de exploração de petróleo no pré-sal, de partilha para eventualmente o modelo de concessão --em vigor para áreas fora do pré-sal--, talvez seja "um pouco até inoportuna".

"Mas, diante do fato que o Congresso quer fazer essa discussão, a gente está apto a dar nossa opinião técnica sobre isso e de uma determinada maneira a Petrobras está apta também a trabalhar em qualquer um desses modelos", de partilha ou concessão.

Entretanto, ele não entrou em detalhes se outras mudanças no marco regulatório do petróleo --como aquela que desobriga a Petrobras de ser operadora única do pré-sal-- poderiam ser benéficas para a Petrobras.

© Reuters. Presidente-executivo da Petrobras, Aldemir Bendine, em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro

A expectativa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é votar na quarta-feira o projeto que elimina a obrigatoriedade da Petrobras de participar nos blocos de exploração de petróleo da camada pré-sal.

Bendine disse, contudo, considerar que o atual patamar dos preços do petróleo no mercado internacional "não é convidativo para que se faça um leilão (de áreas de petróleo no pré-sal) nesse momento".

Dada a atual situação de caixa da Petrobras, disse Bendine, a estatal "teria até dificuldades" de participar de uma eventual licitação.

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