Por Carolina Mandl e Tatiana Bautzer e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) aprovou a venda de uma fatia de 30% na empresa de combustíveis BR Distribuidora (SA:BRDT3) por 8,56 bilhões de reais, mas o negócio poderá envolver até 9,6 bilhões de reais se também for negociado um lote adicional de ações.
A operação, em uma oferta de ações precificada na noite de terça-feira, fixou os papéis da BR em 24,50 reais e reduziu a participação da Petrobras na companhia para 41,25%, de 71,25% anteriormente, o que na prática privatiza a antiga subsidiária da estatal.
O lote suplementar da oferta deve ser negociado ao longo das próximas semanas. Se houver sucesso, a fatia da Petrobras na BR seria reduzida para 37,5%.
Três fontes com conhecimento do assunto disseram que há demanda suficiente para a venda de todo o lote suplementar.
"Demonstra confiança no Brasil, na BR e na Petrobras... A BR terá capacidade de tomar decisões rápidas e ser mais eficiente, sem as amarras de uma estatal", disse uma fonte da Petrobras, que pediu para não ser identificada.
As ações da BR operavam em alta de cerca de 4,3%, a 27,13 reais, por volta das 13h16, após subirem mais de 6% na máxima do dia, enquanto os papéis preferenciais da Petrobras operavam perto da estabilidade.
A BR é líder em um setor dominado por poucas empresas, que incluem a Raízen, joint venture da Cosan (SA:CSAN3) e Shell, além da Ipiranga, do Grupo Ultrapar (SA:UGPA3).
A citada agilidade a ser obtida com a privatização deve ser importante para enfrentar a concorrência, ainda mais após a entrada recente no setor no Brasil de multinacionais como Glencore (LON:GLEN), com aquisição de uma fatia majoritária na Ale, e da Vitol.
"Esperamos que o novo controle acionário desencadeie uma série de mudanças na estrutura da BR Distribuidora, visando um ganho em eficiência/produtividade e mais 'comparável' às concorrentes Ipiranga e Raízen", declarou em nota a consultoria Raion, que não vislumbra no curto prazo uma redução de preços para clientes da BR, visto que sua fornecedora principal continuará sendo a Petrobras, que detém cerca de 98% do refino nacional.
A demanda na operação da BR foi 4,5 vezes superior ao tamanho da oferta, acrescentou uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato porque a informação não é pública.
A Petrobras já havia reduzido sua participação na BR Distribuidora no final de 2017, com uma oferta inicial de ações (IPO) que levantou aproximadamente 5 bilhões de reais e levou a petroleira a ficar com 71,25% da empresa, antes uma subsidiária integral.
Tanto o IPO quanto a oferta de ações concluída na terça-feira acontecem em meio a um amplo plano de desinvestimentos da Petrobras, que tem vendido ativos em diversas áreas de negócio para reduzir dívidas e focar seus investimentos na exploração do pré-sal.
"Embora fortemente antecipado pelo mercado, esse é outro movimento positivo no plano da companhia de vender ativos não essenciais, visando reduzir a alavancagem e para obter dinheiro para investimentos na produção de petróleo, especialmente no pré-sal", destacou o Goldman Sachs em nota.
A Petrobras ainda quer vender oito refinarias, com metade da capacidade de refino do país, além de unidades de gás, em meio a um plano do governo de quebrar monopólios.
(Reportagem adicional de Luciano Costa e Marta Nogueira)