Poder de compra de fertilizantes pelo agricultor no Brasil é o menor em mais de 30 meses

Publicado 09.06.2025, 12:35
Atualizado 09.06.2025, 12:40
© Reuters. Colheita de soja no Rio Grande do Suln3/04/2024nREUTERS/Diego Vara

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O poder de compra de fertilizantes pelos agricultores brasileiros atingiu o menor nível em mais de 30 meses, em uma conjuntura de queda de preços de importantes commodities agrícolas e alta nos custos de adubos, de acordo com um indicador elaborado pela Mosaic divulgado nesta segunda-feira.

O Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF) de maio fechou em 1,20, com alta de cerca de 5% em relação ao mês anterior. Nível acima do verificado no mês passado foi visto pela última vez em outubro de 2022 (1,21), ano que marcou uma forte alta nos preços dos fertilizantes sob impacto da guerra na Ucrânia.

Quanto mais alto o IPCF, menor o poder de compra do agricultor.

Entre os fertilizantes, os principais aumentos observados foram no fosfato (4%), Superfosfato Simples (5%), cloreto de potássio (3%) e ureia (3%).

"Esse movimento de alta pressiona os custos de produção e contribui diretamente para a elevação do IPCF", afirmou a Mosaic, que divulga o índice mensalmente.

Além daqueles fertilizantes, o indicador é elaborado com base em preços da soja, milho, açúcar, etanol e algodão, ponderado pelo consumo de adubos.

"O aumento do índice exige atenção por parte dos produtores, especialmente com a aproximação da safra de verão. Ainda há uma parcela significativa do mercado a ser negociada, o que torna o momento de compra estratégico e sensível a oscilações do comércio", afirmou a Mosaic, líder de mercado no Brasil.

A próxima safra de verão de grãos como soja e milho (2025/26) começa a ser plantada em meados de setembro.

A Mosaic comentou que o mercado de fertilizantes em crescimento e o aumento nas importações para atender essa demanda geram um maior fluxo de navios, e potencial acúmulo de entregas, o que exige atenção.

As entregas de fertilizantes ao mercado brasileiro fecharam o primeiro trimestre com aumento de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado, para 9,44 milhões de toneladas, segundo os últimos dados divulgados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), na semana passada.

Em maio, o Rabobank projetou que as entregas de fertilizantes aos agricultores do Brasil terminariam 2025 em alta de 2% na comparação com o ano passado, alcançando um recorde de 46,6 milhões de toneladas.

Procurada para comentar sobre o impacto da perda do poder de compra dos agricultores, a Mosaic afirmou que "a relação de troca está prejudicada".

Mas ressaltou que o mercado de fertilizantes para soja "já rodou 74% e o saldo restante vai acontecer, porém num ritmo mais lento".

A Mosaic reiterou que a previsão do consumo de fertilizantes "continua sendo de crescimento em 2025" no Brasil.

Segundo o comunicado, o preço médio das commodities caiu cerca de 1%, com a soja apresentando uma estabilidade, e o milho registrando queda de mais de 7%, reduzindo o poder de compra de agricultores. O algodão teve alta de 4%.

A retração dos preços das commodities, notou a Mosaic, "está diretamente ligada ao avanço do plantio de soja e milho nos Estados Unidos, que ocorre sob boas condições climáticas; ao fim da colheita da soja no Brasil, com alta disponibilidade de grãos; e ao início da colheita da segunda safra, que apresenta bons números preliminares e expectativas positivas".

No mercado de fertilizantes, por outro lado, a Mosaic citou que há uma limitação estrutural da matriz global de abastecimento de fósforo, concentrada em algumas geografias e pressionada por uma demanda mundial crescente.

O cenário global também é marcado por possíveis restrições logísticas na China, acrescentou.

Dessa forma, segundo a Mosaic, caso o produtor postergue a decisão de compra, poderá enfrentar atrasos nas entregas de fertilizantes, que devem se concentrar no segundo semestre.

(Por Roberto Samora)

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