Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) -O porto de Santos está "na boca" para privatização, disse o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nesta quarta-feira durante a XP (BVMF:XPBR31) Agro Conference, a despeito de algumas resistências do governo federal para o processo.
Segundo ele, um porto privatizado poderia gerar 20 bilhões de reais de investimentos, o que aumentaria a oferta de transporte, "que foi o que pautou nossa atividade no Ministério (de Infraestrutura)".
Ele destacou que está fazendo um "trabalho de convencimento" junto ao governo federal para que o porto de Santos possa ser privatizado.
"Está pronto (o processo para a privatização), vai ser um espetáculo", disse ele, ressaltando que a privatização também gerará empregos.
O governador paulista disse que sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será republicana e afirmou que agora é "sócio" do petista, apesar de ser aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem foi ministro da Infraestrutura.
"Estamos colocando os argumentos, tive oportunidade de falar com Lula, ele disse 'em princípio, eu sou contra, mas estou pronto para receber argumentos, para ser convencido, posso mudar de opinião se o projeto for bom'", disse Freitas.
O governador também afirmou que deverá agendar uma "conversa" com o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, para colocar seus argumentos.
"É uma oportunidade de fazer história e dar uma grande demonstração de relação republicana, imagina São Paulo e o governo federal unidos em projeto importante para o Brasil..., e conduzir este processo mesmo estando em campos políticos opostos...", disse o governador a jornalistas, após falar no evento.
Tarcísio disse ser contra o fatiamento da concessão do porto de Santos, pois "perde-se potência". "O maior valor é o poder de tomar decisão."
O ex-ministro de Infraestrutura lembrou que a privatização do setor portuário "é passo definitivo para a eficiência", inclusive para o segmento do agronegócio, que depende da logística para escoar mercadorias.
Ele disse que, como governador, quer "despertar a vocação ferroviária no Estado de São Paulo".
"Tem que trazer os trens de volta e aproveitar o potencial hidroviário, que hoje está adormecido", completou.
No plano nacional, ele reiterou sua defesa para a construção da Ferrogrão no Centro-Oeste.
Caso contrário, "vamos discutir invariavelmente a duplicação da BR-163", disse ele, em referência à importante rodovia para o transporte de grãos de Mato Grosso.
SABESP
Ao ser questionado, o governador disse que é difícil estabelecer um prazo para a privatização da Sabesp (BVMF:SBSP3), mas falou em dois anos para "estruturação" do processo.
Ele afirmou que em 14 de fevereiro haverá a primeira reunião do conselho do PPI, na qual será realizada a qualificação dos projetos que serão privatizados no Estado.
"Estamos nas tratativas para contratar o estruturador, que no caso da Sabesp deve ser o IFC, vamos trabalhar ainda com o Banco Mundial, a partir daí é ver o desenrolar do estudo...", disse ele, acrescentando que são necessárias também negociações com prefeitos e a Assembleia Legislativa.
(Edição Redação São Paulo)