Principal produtor do programa "60 Minutes", da CBS, deixa cargo citando preocupações editoriais

Publicado 22.04.2025, 21:04
Atualizado 22.04.2025, 21:05
© Reuters. Bill Owens n12/01/2013nREUTERS/Bret Hartman

Por Dawn Chmielewski e David Shepardson

(Reuters) - Bill Owens, produtor-executivo de longa data do programa "60 Minutes", da CBS News, está deixando o cargo por preocupações com a independência editorial, segundo memorando interno visto pela Reuters na terça-feira.

A saída de Owens ocorre após uma batalha legal de meses com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que processou a CBS em outubro por causa de uma entrevista do "60 Minutes" com sua rival democrata na disputa pela Casa Branca, a ex-vice-presidente Kamala Harris. No início deste mês, o caso entrou em mediação.

"Nos últimos meses, também ficou claro que eu não teria permissão para comandar o programa como sempre o fiz. Tomar decisões independentes com base no que era certo para o 60 Minutes, certo para o público", escreveu Owens em uma nota para a equipe do programa. Depois de defender o programa "de todos os ângulos, ao longo do tempo, com tudo o que pude", ele decidiu se afastar.

Na semana passada, Trump atacou novamente o "60 Minutes", dizendo que o programa veiculou duas histórias imprecisas sobre ele e pressionou a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) a tomar providências.

A FCC já analisa se a entrevista de Harris violou as regras de "distorção de notícias". Embora a agência esteja proibida de censurar ou infringir os direitos da Primeira Emenda da mídia, as emissoras não podem intencionalmente distorcer notícias.

O presidente da FCC, Brendan Carr, disse em fevereiro que a comissão estava nos estágios iniciais de sua análise da oferta da empresa controladora da CBS, a Paramount Global (NASDAQ:PARA), que busca a aprovação da agência para uma fusão de US$8,4 bilhões com a Skydance Media.

A agência federal tem autoridade sobre a transação, já que precisa aprovar a transferência das licenças de transmissão de televisão detidas pela CBS. O acordo foi prorrogado por 90 dias, e as empresas aguardam a aprovação regulatória.

Carr disse em novembro que a reclamação sobre o "60 Minutes" provavelmente surgiria durante a análise da transação pela FCC.

A presidente e CEO da CBS News, Wendy McMahon, elogiou a "integridade inabalável, a curiosidade e o profundo compromisso com a verdade" de Owens em um email para a equipe. Ela disse que o executivo de notícias, que passou 37 anos na CBS News, incluindo 24 anos em seu principal programa de notícias, permaneceria no "60 Minutes" nas próximas semanas.

"Trabalhar com Bill foi um dos grandes privilégios de minha carreira", escreveu McMahon. 

Katherine Jacobsen, coordenadora do programa norte-americano do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, considerou alarmante ver um executivo da mídia se demitir por não sentir que tinha independência editorial.

"Isso realmente fala de algo com que todos nós deveríamos estar alarmados, que é a erosão da liberdade da mídia e da capacidade dos jornalistas de trabalhar sem medo de retaliação", disse Jacobsen.

O programa de notícias de longa duração da CBS no horário nobre tornou-se um para-raios para Trump, que repetidamente atacou a rede na campanha, ameaçando revogar a licença de transmissão da CBS caso fosse eleito.

A ação judicial, movida no Distrito Norte do Texas, alega que a emissora enganou os telespectadores ao transmitir duas respostas diferentes de Harris a uma pergunta sobre a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza.

No mês passado, a CBS disse que "a transcrição e a filmagem não editada da entrevista demonstram que a CBS se envolveu em práticas editoriais comuns -- especificamente, ao decidir que material de uma longa entrevista seria transmitido em um formato de televisão com tempo limitado".

Carr, da FCC, rejeitou a ideia, dizendo à Reuters que a investigação está em andamento. "Na minha opinião, não estamos próximos da posição de rejeitar a reclamação neste momento", disse.

Na semana passada, o Center for Individual Freedom, Americans for Tax Reform, Taxpayers Protection Alliance e outros grupos pediram a Carr que rejeitasse a queixa, dizendo que uma "decisão adversa contra a CBS constituiria um exagero regulatório e um precedente avançado que pode ser usado como arma por futuras FCCs".

(Reportagem de Dawn Chmielewski em Los Angeles, David Shepardson em Washington, D.C., e Jaspreet Singh em Bengaluru)

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