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Protestos ameaçam abastecimento de combustíveis, carnes e exportações de grãos

Publicado 01.11.2022, 17:39
Atualizado 01.11.2022, 17:46
© Reuters. Vista do porto de Paranaguá
3/12/2020
REUTERS/Rodolfo Buhrer
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Por Marta Nogueira e Nayara Figueiredo e Ana Mano

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Os protestos que bloquearam centenas de rodovias desde domingo no Brasil, com apoiadores da Jair Bolsonaro descontentes com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial, já ameaçam o abastecimento de combustíveis e a cadeia produtiva de carnes em alguns Estados, além da exportação de grãos pelo porto de Paranaguá (PR), segundo informações de representantes dos setores envolvidos.

As paralisações também atingem o transporte de cargas essenciais, como equipamentos e insumos para hospitais, bem como matérias-primas básicas para as atividades industriais, afirmou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira.

"É uma situação crítica o que estamos vivendo", afirmou Valéria Lima, diretora de Downstream do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que representa as maiores distribuidoras de combustíveis do país, como Vibra (BVMF:VBBR3), Raizen (BVMF:RAIZ4) e Ipiranga.

Bloqueios e interdições atingiam 20 Estados e Distrito Federal na manhã desta terça-feira, apesar de decisões judiciais determinando o desbloqueio e diante do silêncio do presidente, que demorou a se manifestar após o pleito.

Em nota, a CNI disse que o setor industrial se posiciona contrariamente a qualquer movimento que comprometa a livre circulação de trabalhadores e o transporte de cargas, e que provoque prejuízos diretos no processo produtivo e na vida dos cidadãos --os mais impactados com essa situação.

"O direito constitucional de ir e vir dos brasileiros precisa ser respeitado", disse a CNI.

Lima, do IBP, disse que as distribuidoras de combustíveis avaliam que a situação de abastecimento do país é bastante crítica diante das interdições em estradas brasileiras e da falta de coordenação do governo federal para evitar riscos de escassez.

Os principais pontos de atenção quanto ao risco de desabastecimento de combustíveis no momento são Santa Catarina e Paraná, com grandes reflexos em São Paulo, disse a diretora do IBP.

Lima pontuou que o IBP tem conseguido acessar os órgãos federais para tratar sobre o tema, mas que não houve uma sala de crise montada, como foi feito nas outras vezes em que país enfrentou manifestações similares em estradas.

"Sem ação coordenada, fica muito difícil atacar isso... Falta realmente um diálogo articulado com governo federal", pontuou.

Os bloqueios em estradas já causaram falta pontual de combustíveis em postos de Santa Catarina, afirmou nesta terça-feira o presidente da Fecombustíveis, James Thorp Neto, baseado em relatos de sindicatos locais. Ele negou que a situação seja generalizada no país.

A reguladora ANP afirmou estar atuando para garantir o abastecimento de combustíveis diante do grande número de bloqueios em estradas por manifestantes, mas riscos de falta de produtos tendem a se agravar dependendo do tempo de duração da situação e já geram apreensão entre companhias aéreas.

O ex-diretor da ANP Aurélio Amaral disse à Reuters que o risco de abastecimento depende do tempo da paralisação e que o feriado demandará atenção.

"As companhias (distribuidoras) devem ter cinco dias de estoque operacional. Como (os protestos) começaram ontem e é um mês de muita demanda de diesel para safra, em tese, aguenta cinco dias. Para além disso, fica complicado e aí vai depender de quem se preparou ou não, mas já tem gente passando aperto", afirmou.

A possibilidade de falta de combustíveis em aeroportos já gera preocupação, disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.

CARNES E PORTOS

A indústria de aves e suínos já sente os efeitos de protestos nas rodovias do Brasil, e alguns frigoríficos devem paralisar abates a partir de quarta-feira caso as manifestações continuem, conforme fonte a par do assunto.

"A planta consegue manter de três a quatro dias de abate, a depender do estoque, e depois disso não consegue mais", disse a fonte.

De acordo com a fonte da indústria de carnes, os atos ainda não estão desencadeando desabastecimento no mercado interno, mas os efeitos para a cadeia "vão começar a aparecer".

Uma outra fonte do setor no Paraná, maior produtor e exportador de aves do país, disse que os primeiros danos à cadeia produtiva do Estado começaram a ser contabilizados nesta terça-feira.

"Os abates estão parados desde ontem, porque não está acontecendo carregamento e não há funcionários."

Também no Paraná, o porto de Paranaguá enfrentou dificuldades para receber caminhões com grãos, devido aos protestos nas proximidades, e atualmente trabalha com estoques e produtos que chegam por ferrovia.

Apenas 54 caminhões foram recebidos no Pátio de Triagem, onde os veículos chegam para aguardar a descarga dos granéis sólidos vegetais de exportação, das 14h de segunda-feira até as 9h desta terça-feira.

Os operadores portuários de Paranaguá --um dos principais para embarques de produtos agrícolas do Brasil e por onde a maior parte dos fertilizantes é importada-- já têm adotado medidas em relação aos agendamentos para evitar filas e maiores transtornos, disse o porto.

Assim como em Paranaguá, outros portos do Brasil não estão registrando atrasos nos embarques, embora os protestos nas rodovias afetem a chegada dos caminhões com as cargas, segundo a agência marítima Cargonave.

A Rumo (BVMF:RAIL3), operadora ferroviária líder, disse à Reuters que os bloqueios começaram a afetar a chegada de cargas aos terminais.

© Reuters. Vista do porto de Paranaguá
3/12/2020
REUTERS/Rodolfo Buhrer

A concessionária informou que há uma redução no volume de caminhões em seus terminais e algumas paralisações em trechos da via férrea em Morretes (PR) e na região de Joinville (SC).

A Rumo acrescentou que trabalha atualmente com estoque e com carga em trânsito em trens que permitem até o momento atender a demanda de operação prevista em seus contratos.

 

(Com reportagem adicional de Ricardo Brito em Brasília e de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro)

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