Por Luciano Costa, Guillermo Parra-Bernal e Tatiana Bautzer
SÃO PAULO, 2 Jun (Reuters)- A Renova Energia (SA:RNEW11), empresa de geração renovável controlada pela mineira Cemig (SA:CMIG4), pode ter um novo sócio em até três meses, conforme avançam tratativas em andamento para a entrada de mais uma empresa no bloco de controle da companhia, afirmaram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.
A elétrica tem enfrentado dificuldades para tocar um ambicioso plano de expansão em meio a elevadas taxas de juros e menor disponibilidade de crédito e após ver fracassar uma parceria com a norte-americana SunEdison, que entrou com pedido de recuperação judicial.
O novo sócio entraria injetando recursos em um aumento de capital que provavelmente não seria acompanhado pelos demais acionistas. O aporte seria utilizado para concluir a construção de um complexo eólico na Bahia e reduzir dívidas.
"Com isso, você coloca dinheiro novo na empresa... é o dinheiro para poder acabar a obra do (projeto eólico) Alto Sertão 3 e eliminar a dívida da holding, esse que é o objetivo", disse a fonte.
A dívida da holding Renova é de cerca de 570 milhões de reais. Já as obras em andamento devem demandar cerca de 500 milhões de reais neste ano, segundo a agência de risco Fitch Ratings.
A fonte não quis dar números. Mas, ao ser questionada sobre a possibilidade de o aporte envolver cerca de 1 bilhão de reais, disse que a negociação envolve "mais ou menos isso".
Procurada pela Reuters, a Renova Energia informou que não irá se pronunciar sobre o tema.
De acordo com três fontes, há vários interessados no negócio, entre os quais companhias chinesas.
No final de abril, a Reuters já havia publicado que as chinesas State Grid e China Three Gorges (CTG) também avaliam a empresa de renováveis.
Duas fontes citaram que também analisa a operação a construtora CGGC Energy China, que atua em diversos segmentos, entre os quais energia hidrelétrica e eólica.
Procurada, a CTG Brasil afirmou que está sempre atenta a oportunidades de fusões e aquisições, mas não comenta especificamente sobre rumores de mercado.
As outras empresas não responderam imediatamente a pedidos de comentário.
A Renova tem no bloco de controle, além da Cemig, a elétrica Light (SA:LIGT3) e a RR Participações, empresa dos fundadores da companhia, Ricardo Delneri e Renato Amaral. Também são sócios da empresa o BNDESPar e os fundos InfraBrasil e Caixa Ambiental.
BUSCANDO RECURSOS
Criada há 15 anos, a Renova Energia possui cerca de 650 megawatts em operação, entre pequenas hidrelétricas e usinas eólicas, além de contratos de venda de energia no mercado regulado para mais cerca de 750 megawatts em projetos que precisam ser instalados até 2019.
A companhia ainda tem 1,2 gigawatt em parques a serem implementados nos próximos três anos, com venda da energia no mercado livre de eletricidade.
A empresa recebeu investimentos de Cemig e Light em 2011, em meio a uma acelerada expansão.
Em 2015, com necessidade de recursos para implementar os projetos que tinha negociado em leilões de energia, a empresa fechou um acordo com a SunEdison que previa vendas de ativos e entrada dos norte-americanos no capital da companhia.
Neste ano, no entanto, o negócio foi rompido devido a dificuldades financeiras da SunEdison, que entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA.
Em meio a uma crise de caixa, a elétrica já promoveu demissões e tenta renegociar a data de entrega dos projetos negociados no mercado livre, além de ter chamado um aumento de capital no valor de até 731,2 milhões de reais.
Até o momento, no entanto, apenas Cemig e Light aportaram recursos, em um total de 240 milhões de reais.
O período para subscrição de sobras na oferta encerra-se nesta quinta-feira.