SÃO PAULO (Reuters) - O conselheiro da Petrobras Mauro Cunha, representante dos acionistas minoritários no Conselho de Administração da estatal, afirmou que os conselheiros indicados pelo governo no colegiado deveriam apresentar suas renúncias, segundo ata de reunião do órgão de fevereiro, quando foram eleitos novos integrantes da Diretoria Executiva.
A divulgação do Extrato da Ata, no início da madrugada desta quarta-feira, indica ainda que Cunha pediu a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para "imediata renovação" do Conselho de Administração, argumentando que "aí sim, teremos a oportunidade de renovar a Petrobras".
Atualmente, sete dos dez membros do Conselho de Administração da Petrobras foram indicados ou apoiados pelo acionista controlador.
Em 6 de fevereiro, no dia da eleição dos diretores, incluindo do presidente-executivo da Petrobras, Aldemir Bendine, Cunha já havia manifestado em nota que havia votado contra a eleição dos executivos, por conta da interferência do acionista controlador no conselho.[nE6N0TT02E]
Também votaram contra a eleição dos diretores os conselheiros Silvio Sinedino, representante dos funcionários, e José Guimarães Monforte, eleito pelos acionistas detentores de ações preferenciais, em abril do ano passado.
As manifestações dos chamados conselheiros independentes do governo ocorreram em meio a denúncias de corrupção e fraude em licitações da Petrobras investigadas pela operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura esquema de desvio de recursos para políticos, ex-diretores da estatal e dirigentes de empreiteiras.
Recentemente, o Conselho de Administração da estatal elegeu o advogado Luiz Navarro para ocupar cargo de conselheiro, em substituição ao secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que renunciou ao posto.
Navarro disse à Reuters nesta semana que o Conselho de Administração da Petrobras vai se tornar mais profissional nos próximos meses, com membros respeitados pelo mercado para substituir políticos. [nE6N0UU024]
Na noite de terça-feira, a Petrobras afirmou em nota que, até o momento, não foi informada pelo acionista controlador sobre a intenção de alteração na composição de seu Conselho de Administração, após notícia de que o presidente da mineradora Vale (SA:VALE5), Murilo Ferreira, poderia assumir a presidência do colegiado, em substituição ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. [nE6N0UU028]
Procurada pela reportagem da Reuters, a Vale não comentou o assunto.
(Por Roberto Samora)