O Ibovespa sustentou nova alta nesta sexta-feira e emplacou o oitavo pregão consecutivo de alta, em uma semana marcada pelo otimismo internacional nos mercados financeiros e dados positivos da economia mundial. Esse é o mais longo rali desde agosto de 2013 e levou o índice dos 51.842 pontos, do dia 5 de julho, aos 55.605 pontos de hoje, alta acumulada de 8%.
A política interna colaborou para melhorar as expectativas do mercado em relação ao futuro da economia brasileira. Da Câmara dos Deputados vieram os principais fatos com a vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para comandar a casa, substituindo Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cujo grupo político foi derrotado na disputa.
A eleição de Maia foi avaliada como uma vitória de Michel Temer, que conseguiu impor um revés para a oposição e os partidos do chamado Centrão, que davam apoio à Cunha. Aliado ao discurso econômico de Henrique Meirelles, Rodrigo Maia afirmou que pretende levar à votação os principais temas do governo, especialmente a PEC que definirá um teto para os gastos públicos.
A Câmara também praticamente selou o destino de Eduardo Cunha ao recusar, na CCJ, recurso que poderia levar o processo de cassação do deputado à estaca zero. O caso será votado no Plenário no retorno das atividades da casa em agosto, mas analistas já dão como certo que Cunha não será capaz de salvar seu mandato.
No cenário internacional, o clima de otimismo deu lugar a um ambiente volátil e pesado após o atentado em Nice, na França. As bolsas europeias interromperam rali de uma semana, estimulado pelas expectativas de novos estímulos à economia pelos bancos centrais, especialmente, do Japão e China. No Reino Unido, o banco central decidiu manter as taxas de juros inalteradas e indicou que medidas serão adotadas na próxima reunião, em agosto.
Dólar. A moeda fechou em queda de 0,7% nesta semana apesar das intervenções diárias do Banco Central no câmbio através da venda de swaps reversos. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que pretende zerar o estoque de swaps acumulado na gestão do seu antecessor, Alexandre Tombini. O dólar fechou a semana vendido a R$ 3,27.
Petrobras (SA:PETR4). A ação preferencial da companhia rompeu os R$ 11 pela primeira vez desde julho de 2015 e acumula ganhos de 167% desde a mínima de R$ 4,12 em fevereiro. A empresa iniciou a produção em Lula Central, no pré-sal da Bacia de Santos, e informou a produção recorde de petróleo em junho. No Nordeste, a Petrobras pediu a suspensão de operação de 14 campos por inviabilidade econômica.
Gerdau (SA:GGBR4). A siderúrgica perdeu o julgamento no Carf em quatro pedidos que somam R$ 4 bilhões em impostos devidos. A empresa afirmou que acredita que reverterá a decisão e que não fará provisionamento para o caso. A ação saltou 12% na semana, enquanto a Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) subiu 19%.
Usiminas (SA:USIM5). Terminou sem acordo a reunião entre os sócios Nippon e Ternium em disputa pela eleição do CEO da companhia, que nesta semana conseguiu mais prazo com bancos para negociar sua dívida. A CSN (SA:CSNA3) informou que pretende deixar a companhia assim que recuperar parte do investimento realizado e citou conluio entre os sócios.
(SA:Cesp). A estrela do fim da semana no Ibovespa foi a ação da estatal paulistana de energia, após o secretário da Fazenda do estado, Renato Villela, afirmar à investidores em evento que o governo avalia privatizar a companhia. A ação disparou 19% na sexta-feira.
Educacional. A Kroton (SA:KROT3), Estácio (SA:ESTC3) e Ser terminaram a semana com ganhos após o governo indicar que pretende ampliar o Fies em 2017 e estuda contratar serviços de bancos privados para o financiamento estudantil. O anúncio reverteu o pessimismo provocado por medida provisória que repassou às empresas o custo de intermediação dos empréstimos.
Aéreas. Após ter o pleito de acabar com as restrições a capital estrangeiro rejeitado em acordo entre o Legislativo e o Executivo, as companhias aéreas conseguiram emplacar uma vitória na Câmara com a aprovação em comissão de teto de 12% para o ICMS sobre o querosene de aviação.
Commodities
Petróleo. A commodity oscilou fortemente na semana com notícias indicando o maior equilíbrio entre oferta e demanda, dados fracos de estoques nos EUA e aumento das atividades de exploração no país. O petróleo fechou a R$ 46,30, em Nova York, e US$ 48,00 no Brent, em Londres, com ganhos de 2% em relação ao fechamento de sexta-feira passada.
Aço. A produção chinesa de aço atingiu níveis recordes em junho, colocando mais pressão sobre o mercado sobreofertado.
Milho. A USDA reduziu a previsão das safras brasileiras de milho de 2015/2016 e 2016/2017, após a forte quebra neste ano com o clima adverso.
Café. A exportação de café verde recuou 12% em junho, segundo a Cecafé.
Indicadores
China. O PIB chinês cresceu 6,7% no segundo trimestre, resultado acima do esperado pelo mercado. Os resultados de junho do varejo e da produção industrial do país também surpreenderam.
EUA. A maior economia do mundo voltou a dar sinais de força com redução no número de pedidos de seguro-desemprego e bons dados do varejo e de produção industrial de junho.
IBC-Br. Já no Brasil, o índice de atividade econômica elaborado pelo Banco Central frustrou o mercado com queda de 0,51% em maio.
Inflação. IGP-M caiu para 0,55% na primeira prévia de julho. IGP-10 desacelerou para 1,06% em neste mês.
Varejo. Os dados do varejo também decepcionaram com queda de 1% em maio. A Cielo (SA:CIEL3) apontou para retração de 3,1% em junho.
PIB. Singapura cresceu 2,2% no segundo trimestre.