A semana foi marcada pela turbulência política com o avanço da operação Lava Jato, com a prisão do presidente do BTG Pactual, André Esteves, do senador e líder do governo, Delcídio do Amaral (PT-MS), além de José Carlos Bumlai, pecuarista próximo ao ex-presidente Lula.
Os mercados reagiram à instabilidade política com a elevação do dólar de R$ 3,69, na mínima da semana, para R$ 3,82, no fechamento desta sexta-feira (27/11). O Índice Bovespa perdeu 5,4% frente aos 48.592 na abertura da segunda-feira (23/11), encerrando o dia a 45.873 pontos.
As ações de bancos foram bastante castigadas após a prisão de Esteves, especialmente a do BTG Pactual (SA:BBTG11), que chegou a desabar 38% no dia da operação, mas se recuperou e fechou a semana com perdas de 26,1%, a R$ 22,85. O IFNC caiu 6,2% na semana, com queda em todos os papeis, puxado por Banrisul (SA:BRSR6) (-10,36%), Santander (SA:SANB11) (-7,93%) e Bradesco (SA:BBDC4) (-7,91%).
Samarco. Os governos federal e dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo irão entrar na segunda-feira (30/11) com uma ação civil pública de reparação de danos no valor de R$ 20 bilhões contra as mineradoras Vale (SA:VALE5), BHP Billiton (L:BLT) e Samarco.
China. O sell off nas ações chinesas com queda de 5,48% no Shanghai Composite de sexta-feira (27/11) e dados ruins sobre a economia do país fizeram cair as ações europeias e commodities. O FTSEurofirst 300 caiu 0,26% após ter fechado na quinta-feira no maior nível, refletindo também as expectativas da reunião do BCE na próxima semana.
Commodities
Leilão de hidrelétricas. O governo conseguiu vender todos os lotes do leilão de hidrelétricas e arrecadar R$ 17 bilhões em bônus de assinatura, que deverão entrar no caixa no próximo ano. Os chineses da Three Gorges levaram as usinas Jupiá e Salema, principais ativos leiloados. As brasileiras Cemig (SA:CMIG4), Copel (SA:CPLE6), Celg e Celesc (SA:CLSC4) e a italiana Enel (MI:ENEI) também arremataram empreendimentos.
Ouro. A commodity caiu 2,1% da máxima da semana, ficando próximo à baixa de seis anos com as expectativas do aumento de juros nos EUA.
Petróleo. O barril do WTI subiu forte no início da semana, mas cedeu e perdeu 2,5% da máxima na quinta-feira, refletindo as previsões de sobreoferta nos próximos meses. Desde segunda-feira, a alta foi de 3,4%.
Siderúrgicas. Os papéis das principais empresas do setor subiram na Bovespa no meio da semana com a indicação do governo que poderá taxar a importação do aço. As ações da Gerdau (SA:GGBR4), Usiminas (SA:USIM5) e CSN (SA:CSNA3) cederam no fim da semana, devolvendo os ganhos.
Política
Orçamento 2016. A prisão de Delcídio do Amaral – primeiro senador em exercício do mandato a ser detido no país – o Congresso adiou a votação do Orçamento de 2016 para terça-feira (1/12). A CPMF ficou de fora do documento e o governo deverá promover novos cortes.
A meta fiscal de 2015 também foi postergada para o mesmo dia e o Executivo trabalha para aprovada a revisão de superávit de 0,7% do PIB para déficit de cerca de R$ 117 bilhões e, assim, evitar o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. O senador Delcídio Amaral era o relator da matéria.
Indicadores Econômicos da Semana
Déficit recorde. O governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) divulgou déficit primário recorde de US$ 12,279 bilhões em outubro. O pior resultado da série histórica iniciada em 1997 foi provocado pelo aumento de 36,8% nos gastos com Previdência, que saltaram para R$ 45,849 bilhões, com o pagamento da primeira parcela do 13º salário. No ano, o déficit primário soma R$ 33 bilhões.
O IGP-M desacelerou a alta para 1,52% em novembro, após 1,89% em outubro. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60 por cento do índice geral, subiu 1,93%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30 por cento no índice geral, ficou em 0,90% e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), avançou 0,40%.
A taxa de desemprego subiu para 8,9% no terceiro trimestre, maior patamar para o período desde 2012, segundo a PNAD Contínua do IBGE.
Selic. O Banco Central decidiu manter a taxa Selic a 14,25% ao ano, em decisão dividida. Dois diretores votaram por elevar os juros em 0,50 p.p.. O mercado reagiu com a subida das DIs que embutem um novo aumento da Selic em janeiro.
O déficit em transações correntes somou US$ 4,166 bilhões em outubro, queda de 55,3% ante igual mês do ano passado, com as importações caindo mais que a exportações no cenário de recessão e dólar elevado.
A dívida pública caiu 3,22%, para R$ 2,504 trilhões com maior resgate líquido.
O volume de empréstimos para a construção e aquisição de imóveis recuou 53,8% em outubro, frente a igual mês do ano passado, para R$ 4,7 bilhões.
As vendas de combustíveis caíram 5,8% em outubro, refletindo a crise econômica com retração de 9,6% nas vendas de diesel. No ano, a comercialização de combustíveis registra queda de 1,4%.
A demanda de voos domésticos recuou 5,74% em outubro, contra 3,87% em setembro.
Indicadores Internacionais
O PIB dos Estados Unidos acelerou para 2,1%, na taxa anual ajustada no terceiro trimestre, contra 1,5% no período anterior. O dado reforça a possibilidade de elevação das taxas de juros do país em dezembro.
O PIB da Grã Bretanha desacelerou para 0,5% no terceiro trimestre
O PIB da Alemanha fechou o terceiro trimestre com alta de 0,3%, após expansão de 0,4% no período anterior.
Mundo
Argentina. O país vizinho elegeu Maurício Macri para a Presidência, encerrando 12 anos de governo Kircher. O novo presidente afirmou que retirará as barreiras ao mercado impostas por Cristina Kircher e que questionará a entrada da Venezuela no Mercosul.
Síria. A Turquia abateu um caça russo na fronteira com a Síria, alegando invasão de seu espaço aéreo. O incidente acirrou os ânimos entre os países.
Terrorismo. Os países europeus permaneceram sob a ameaça de novos ataques terroristas no continente. A Bélgica elevou o alerta ao patamar máximo, fechando escolas e metrô, enquanto promovia operações policiais para desarticular células terroristas em seu território.