Em fase final de desestatização, a Sabesp (BVMF:SBSP3) (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) acumula números que explicam dimensão que o processo de alienação de 32% das ações pertencentes ao Estado de São Paulo tem causado no mercado. Segundo dados da companhia, cerca de 28,8 milhões de paulistas são atendidos pela Sabesp, um volume equivalente a quase 3 vezes a população de Portugal –10,6 milhões de acordo com o INE (Instituto Nacional de Estatística).
A Sabesp é a maior empresa pública de saneamento do Brasil e uma das mais estratégicas do portfólio de estatais do governo paulista, com um valor de mercado estimado em R$ 53 bilhões. No consolidado do ano passado, a companhia de saneamento registrou um lucro operacional de R$ 3,5 bilhões. Nos primeiros 3 meses de 2024, a empresa manteve sua trajetória de lucros ao registrar um superavit das contas de R$ 823,3 milhões.
A presença da empresa na vida dos paulistas é palpável. A Sabesp está presente em 376 cidades, o equivalente a quase 65% dos municípios do Estado.
Com o processo de desestatização em estado avançado, o governo paulista espera alavancar um volume entre R$ 15 a 16,5 bilhões por uma fatia de 32% da participação estatal. Atualmente, o Palácio dos Bandeirantes possui 50,3% das ações da companhia. Ao final do processo, a participação será de 18,3%.
Esse volume de recursos que a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) espera alavancar coloca a operação de alienação da Sabesp como uma das maiores do tipo a serem realizadas em 2024.
A ambição de Tarcísio é que a venda das ações atraia capital estrangeiro e com ele expertise internacional na administração da empresa. Na 2ª feira (24.jun.2024), o governador paulista iniciou um roadshow internacional para apresentar o modelo de negócio a grupos e fundos globais.
Desestatização da Sabesp
A oferta de ações da Sabesp será feita em duas etapas. A 1ª parte consiste na seleção de duas propostas que miram 15% da companhia. Dessa fase, sairão os 2 investidores de referência que posteriormente serão o canal para outros players abocanharem a 2ª fatia de ações da empresa. O prazo para essa etapa se encerra na 6ª feira (28.jun), quando serão anunciados os vencedores depois do fechamento do mercado.
A fase seguinte, que se estenderá de 1º a 15 de julho, é denominada bookbuilding. Consiste nos demais investidores podendo escolher com qual investidor de referência (selecionado na 1ª etapa) desejam se associar. Cada candidato a acionista de referência ofertará o valor por ação que os demais investidores poderão abocanhar.
Nessa fase, os outros investidores podem sugerir o valor das ações e negociar com o investidor de referência de sua preferência. Serão oferecidos 17% das ações do governo estadual nessa etapa. O vencedor será o investidor de referência que conseguir o maior preço ponderado considerando a sua oferta na 1ª etapa e do seu book.
Na 5ª feira (20.jun), a secretaria de Parcerias de Investimento de São Paulo aprovou o último detalhe da oferta pública da Sabesp. Trata-se de um mecanismo chamado “right to match”. Ele determina que o investidor que tiver o menor preço ponderado ao final do bookbuilding, se tiver o maior valor do book, poderá igualar sua proposta à do concorrente e vencer a disputa.
Ao final de todo o processo, serão alienados 32% das ações da Sabesp que pertencem ao Estado. A participação do governo paulista na companhia encolherá de 50,3% para 18,3%. Só ações que hoje são do Governo de São Paulo estão sendo ofertadas. A projeção do governo estadual é de finalizar todo o processo em 22 de julho.
Apesar de manter uma participação pequena, o investidor de referência será o player mais influente na nova composição da diretoria da Sabesp. O grande vencedor de um dos maiores processos de desestatização da história do país terá direito a 3 assentos no Conselho de Administração da companhia e será responsável pela indicação do presidente do conselho.
Ao todo, o conselho terá 9 cadeiras. O governo de São Paulo e os acionistas minoritários que adquiriram ações da parcela de 17% terão direito a 3 assentos cada um.
A desestatização da Sabesp ainda impõe algumas restrições a indicações do governo estadual. Na nova governança da companhia, ao menos 2 dos 3 indicados do Palácio dos Bandeirantes ao Conselho de Administração da empresa devem ter ao menos 5 anos de experiência no setor de utilidades.
O governo de São Paulo também não poderá indicar nenhum candidato ao posto de CEO da Sabesp, podendo só participar das votações para definição do executivo.