Investing.com – Após novos rumos envolvendo a privatização da Sabesp (BVMF:SBSP3), analistas consideram os últimos anúncios da companhia de saneamento paulista como um avanço, dando mais alguns passos em direção à privatização. No entanto, ponderam que o processo em andamento requer o aval dos municípios, ainda que não enxerguem grandes entraves no momento.
Nos últimos dias, o governo do estado de São Paulo enviou notificação aos municípios com as principais diretrizes dos novos contratos de concessão e indicativo de que o projeto de lei de privatização estaria próximo de ser finalizado e enviado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) para apreciação. Além disso, notícias na mídia apontaram que a firma de private equity IG4 pretende formar uma parceria com a gestora americana Water Asset, visando adquirir participação de pelo menos 10%.
Em relatório enviado aos clientes e ao mercado, o banco BTG (BVMF:BPAC11) apontou que as novas diretrizes enviadas aos municípios para os novos contratos de concessão incluem a aceleração da universalização até 2029, anteriormente em 2033, assim como a prorrogação dos contratos até 2060.
Os municípios possuem o prazo de 180 dias para acatar ou não o plano. De acordo com os analistas Joao Pimentel, Gisele Gushiken e Maria Resende, caso a capital paulista acate os termos, os outros devem seguir o exemplo.
“O saneamento tem importantes subsídios cruzados, por isso alguns municípios não seriam economicamente viáveis de forma independente, e a parceria com empresas de municípios maiores ajuda a manter tarifas mais baixas do que operar de forma independente, o que provavelmente exigiria aumentos substanciais de tarifas para garantir remuneração e serviços de qualidade adequada”, detalham.
Os analistas ainda destacam que caso os municípios não acatem a sugestão, precisariam compensar Sabesp em relação a ativos não depreciados – e a maioria desses municípios não teria recursos necessários para tal.
Ao lembrar que o governo paulista quer uma estratégia de compartilhamento de custos com os consumidores, os analistas avaliam que incentivar a eficiência é fundamental, principalmente diante de um cenário de aceleração nos investimentos. Segundo o BTG, as mudanças de regulamentação, que seriam o passo mais crítico do processo, estão progredindo.
O BTG possui classificação de compra para as ações da Sabesp, com peço-alvo de R$62. O banco considera a Sabesp como principal escolha entre as concessionárias estatais. “A Sabesp privatizada poderia ser limitada a algo próximo de ~1x EV/RAB, implicando um preço da ação de R$ 90, representando valorização de 47% sobre o último preço de fechamento”, reforça o banco.
Também em relatório, a XP (BVMF:XPBR31) elenca como principais sugestões do governo estadual, além da antecipação da universalização e alteração no prazo de contrato, o atendimento da população em núcleos urbanos informais e rurais, sendo que atualmente a companhia só pode atender habitações regulares – o que promoveria maior igualdade. A estratégia requer maior detalhamento de planos de universalização em cada município.
“Vale ressaltar que não há menção à cobrança de outorga pela prorrogação da concessão. Isso ocorre após reuniões com prefeitos que acreditamos terem sido informados desses termos”, afirma a XP.
A XP concorda que os últimos anúncios representam mais um passo rumo à privatização da empresa. “Os municípios são parte relevante neste processo e sem o apoio deles não há privatização”, ponderam os analistas Vladimir Pinto e Maíra Maldonado.
Às 11h25 (de Brasília) desta segunda, 02, as ações da Sabesp subiam 0,15%, a R$61,12.