Boom das criptos: quais ações do setor podem surpreender na alta?
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Samarco, joint venture da Vale (BVMF:VALE3) com a BHP, registrou prejuízo líquido de US$1,69 bilhão no segundo trimestre de 2025, versus lucro de US$1,38 bilhão no mesmo período do ano passado, de acordo com balanço divulgado nesta segunda-feira.
O desempenho foi impactado principalmente por um resultado financeiro negativo de US$1,352 bilhão, principalmente devido à variação cambial sobre passivos (US$972,8 milhões) e à provisão para despesas financeiras relacionadas a obrigações de reparação (US$466,3 milhões), segundo a Samarco.
A empresa ainda lida com os impactos negativos decorrentes da queda da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, mas ampliou as vendas na medida em que a produção cresceu mais de 90%, para 3,9 milhões de toneladas -- o maior volume desde a retomada de suas atividades em dezembro de 2020.
"Acredito que a principal mensagem (do trimestre) seria o recorde de produção e as entregas sólidas, apesar da alta volatilidade do mercado", disse o diretor de Estratégia, Financeiro e Suprimentos, Gustavo Selayzim, durante videoconferência com analistas de mercado após a publicação dos resultados.
"A Samarco foi capaz de manter o seu guidance e fazer uma entrega muito sólida em termos de resultados para este trimestre."
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou US$286,1 milhões entre abril e junho deste ano, alta de 66% ante o mesmo período de 2024, impulsionado por maiores receitas decorrentes do aumento da produção.
Selayzim ressaltou que a empresa conseguiu vender 100% de sua produção, apesar de incertezas e volatilidades no mercado de minério de ferro, com influência de tarifas dos Estados Unidos, por exemplo.
"Sabemos que o setor tem enfrentado dificuldades desde o segundo semestre de 2024, devo dizer que essas dificuldades se acentuaram nos primeiros trimestres de 2025. Apesar disso, a Samarco conseguiu concluir as suas vendas de 100% da produção, embora nós estivéssemos produzindo mais", afirmou Selayzim.
As vendas de pelotas e finos de minério de ferro somaram 3,9 milhões de toneladas, salto de 93% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A companhia registrou receita líquida de US$469,9 milhões no segundo trimestre, alta de 47% versus o mesmo período do ano passado, informou a companhia nesta segunda-feira.
Como parte de uma estratégia orientada para valor, a Samarco ajustou temporariamente seu mix de produtos, aumentando a participação de "pellet feed" nas vendas totais para otimizar as margens diante de pressões de mercado de curto prazo, explicou o executivo.
"Essa otimização de portfólio foi uma resposta prudente à dinâmica de preços e não altera o foco de longo prazo da companhia em produtos de minério de ferro de alto teor", disse o relatório financeiro da Samarco.
O preço médio das pelotas vendidas pela Samarco atingiu US$128,9 por tonelada no segundo trimestre, queda de 17% em relação ao mesmo período do ano passado.
A queda, segundo a companhia, reflete principalmente um recuo generalizado nos preços de referência dos índices de minério de ferro (para teores de 62% e 65% de Fe), pressionada por uma demanda global mais fraca da indústria do aço e por uma perspectiva macroeconômica mais cautelosa.
A dinâmica do mercado continua refletindo tensões geopolíticas e a persistente incerteza em relação às políticas de comércio internacional -- especialmente as recentes medidas tarifárias e discussões políticas envolvendo os Estados Unidos e seus parceiros comerciais, segundo a mineradora.
(Por Marta Nogueira)