Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - As units do Santander Brasil (BVMF:SANB11) caíam forte nesta quarta-feira, após o banco entregar decepcionantes resultados do terceiro trimestre, com fraco crescimento do crédito, queda das margens e das receitas, refletindo a crescente concorrência no setor bancário num cenário de juros e inflação elevados no país.
Às 13h46 (horário de Brasília), a unit do maior banco estrangeiro no país recuava 5,6% na B3 (BVMF:B3SA3), flertando com as mínimas em dois meses, enquanto o Ibovespa cedia 0,4%. Na mínima, a unit chegou a desabar quase 9%.
A unidade do espanhol Santander no país informou mais cedo que seu lucro líquido do período, de 3,1 bilhões de reais, foi 28% menor do que um ano antes. A pesquisa Refinitiv projetava lucro de 3,76 bilhões de reais.
Embora o banco já viesse sinalizando nos últimos meses ao mercado crescimento mais fraco do crédito em 2022, analistas se disseram surpresos com itens como queda de receitas e de margens, elevadas provisões para perdas com inadimplência e maiores custos de captação, que concorreram para o retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE) cair 5 pontos, a 15,6%.
"A dinâmica geral pior foi vista em todas as linhas", resumiu o Itaú BBA, em relatório de Pedro Leduc e equipe.
Falando a jornalistas, o presidente-executivo do Santander Brasil, Mario Leão, argumentou que o momento mais adverso faz parte de um ciclo de crédito previsto no final do ano passado e que o crédito do banco voltará a crescer nos próximos meses, à medida que a queda da inflação aumenta a demanda por crédito.
Mas o executivo admitiu que o banco decepcionou os investidores, dizendo que "o mercado previa que conseguiríamos compensar melhor os efeitos negativos da economia".
O desempenho no Brasil, que responde por um quarto do resultado global do Santander, acabou contaminando o balanço do grupo, em especial devido a maiores provisões para calotes.
Leão disse que a franquia brasileira do Santander segue comprometida com o crescimento da base de clientes de varejo, após o banco ter sido superado no trimestre pelo banco digital Nubank (BVMF:NUBR33), apostando na expansão acelerada das divisões de financiamento ao consumo, consignado e financiamento automotivo.
Para analistas, os dados do Santander Brasil são um mau começo da temporada de resultados de grandes bancos, especialmente para o Bradesco (BVMF:BBDC4), que divulga seus números no próximo dia 8, e que via queda de 3% da ação PN.
Em relatório nesta quarta-feira, o BTG Pactual (BVMF:BPAC11) afirmou que, assim como o Santander Brasil, o Bradesco parece estar em uma fase mais desafiadora do ciclo de crédito. "Não foi um bom começo de temporada de resultados para os bancos", diz o relatório.
(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)