O Santander Brasil (BVMF:SANB11) registrou lucro líquido gerencial (que exclui o ágio de aquisições) de R$ 1,689 bilhão no quarto trimestre de 2022, queda de 56,5% em relação ao mesmo período de 2021. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a baixa foi de 45,9%.
No último trimestre de 2022, o banco voltou a elevar as provisões contra a inadimplência, afetadas em especial por um "evento subsequente", ou seja, ocorrido após 31 de dezembro de 2022, no segmento de atacado. A instituição não dá maiores detalhes, como o nome do cliente.
Em janeiro, a rede varejista Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, com dívidas de aproximadamente R$ 47 bilhões. O Santander é um dos maiores credores da companhia, com cerca de R$ 3,6 bilhões a receber, de acordo com estimativa preliminar.
As margens do Santander caíram 11,6%, enquanto a receita com serviços subiu 1,9%, para R$ 5,075 bilhões. Nas margens, o banco observou novo impacto da tesouraria, que acumula resultados negativos diante da alta da Selic.
No trimestre, a margem com mercado, que contabiliza os resultados com tesouraria, foi negativa em R$ 1,265 bilhão, contra ganho de R$ 1,744 bilhão no mesmo período do ano anterior.
Na margem com clientes, que reflete o resultado com operações para empresas ou pessoas físicas, o resultado foi de R$ 13,781 bilhões, alta de 11% no espaço de um ano. Segundo o Santander, o crescimento se deu diante do maior volume de crédito e também do maior spread (diferença entre custo de captação e juros cobrados nos empréstimos).
No acumulado de 2022, o Santander teve lucro de R$ 12,900 bilhões no Brasil, baixa de 21,1% na comparação com 2021. O ano foi marcado pelo aumento das provisões em 72,7%, diante da maior inadimplência de clientes pessoas físicas. Além disso, as margens do Santander foram pressionadas por perdas da tesouraria, diante do impacto negativo da alta dos juros sobre a carteira de títulos do banco.
"Iniciamos um processo de ajuste operacional no quarto trimestre de 2021. Buscamos nos posicionar adequadamente para enfrentar um ambiente macroeconômico que se provava mais desafiador, com potenciais repercussões nas dinâmicas de crédito", afirma no comunicado o CFO do Santander Brasil, Angel Santodomingo.
Ele aponta ainda que o banco começa 2023 com um balanço sólido e uma carteira de crédito de maior qualidade. "Continuaremos a crescer de forma sustentável", diz.
Patrimônio e rentabilidade
O Santander Brasil chegou a dezembro com R$ 1,047 trilhão em ativos, alta de 8,9% em um ano. O banco comenta que o resultado veio com a alta nos investimentos líquidos interbancários, da carteira de crédito e também de câmbio.
No mesmo período, o patrimônio líquido da instituição chegava a R$ 80,806 bilhões, alta de 4,5% em um ano.
O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês) do Santander ficou em 8,3%, uma retração de 11,7 pontos porcentuais ante o mesmo intervalo de 2021, e de 7,3 p.p. em três meses.