Por Jonathan Stempel
NOVA YORK (Reuters) - A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) acusou nesta segunda-feira um ex-executivo do IRB Brasil (SA:IRBR3) de 'plantar' uma história falsa de que a Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa), de Warren Buffett, havia feito um investimento na empresa resseguradora.
Fernando Passos, que foi vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores do IRB, teria circulado a história entre fevereiro e março de 2020 para sustentar o preço das ações do IRB, que havia caído significativamente após uma gestora questionar os resultados financeiros da empresa.
Passos foi acusado, através de queixa civil da SEC em Manhattan, de fabricar documentos falsos sobre um investimento de 28 milhões de ações do IRB pela Berkshire e de espalhar a informação falsa a investidores, a um analista à imprensa.
Passos também enfrenta acusações criminais ligadas ao assunto do Departamento de Justiça dos EUA, disse a SEC.
Passos, Berkshire não responderam de imediato a pedido de comentário. O IRB informou que não comentaria o assunto.
A SEC disse que as ações do IRB subiram 6,7% em 27 de fevereiro de 2020, após notícias de uma participação falsa da Berkshire se tornaram públicas, refletindo o suposto voto de confiança de Buffett, cujo conglomerado possui várias seguradoras, incluindo Geico Car e a resseguradora General Re.
Os papéis caíram 43% nos dois dias após a Berkshire dizer em 3 de março que não era, nunca foi e não tinha intenção de se tornar acionista do IRB.
A SEC disse que Passos, quando soube do posicionamento da Berkshire, reagiu "com o equivalente no português de droga ["damn"] e 'Nós estamos (palavrão)!" ["We're (expletive)!"], antes de tentar esconder sua conduta dizendo aos diretores do IRB que o banco custodiante havia fornecido a lista de acionistas.
O IRB anunciou em 4 de março de 2020 a renúncia de Passos e do então presidente-executivo José Carlos Cardoso.
Em junho de 2020, o IRB reapresentou os números referentes a 2019 por causa de irregularidades contábeis, diminuindo o lucro líquido em 31%.
(Por Jonathan Stempel; reportagem adicional de Aluísio Alves)