Por Gabriel Codas
Investing.com - A disputa para a aquisição da operação da Laureate no Brasil segue com três nomes na disputa: Ser Educacional (SA:SEER3), Ânima (SA:ANIM3) e Yduqs (SA:YDUQ3). Apesar disso, a avaliação é que somente no último caso haveria um maior risco de concentração de mercado, com problemas a serem enfrentados no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). As informações são da edição desta sexta-feira do Valor Econômico.
De acordo com a publicação, a concentração estaria principalmente no Rio de Janeiro, em cursos presencias, onde a Yduqs já detém uma fatia de mercado de 33,4%. Na mesma praça, a Laureate tem 4,9%. Os dados são de um levantamento da Hoper, consultoria especializada em educação, utilizando números de 2018, os mais recentes, do Ministério da Educação (MEC), mas já consideram a aquisição da Adtalem, holding que tem o Ibmec, concluída neste ano pela Yduqs.
O estudo mostra ainda que, em Salvador e Natal, a dona da marca Estácio ficaria perto do limite permitido pela autarquia. No Rio Grande do Norte, a participação iria dos atuais 11,5% para 62,7%. No caso da capital baiana, seria de de 17,1% para 36,7% com a compra da Laureate.
William Klein, presidente da Hoper, explicou ao jornal que a Yduqs teria que se desfazer da operação da Laureate no Rio, que tem cerca de 10 mil alunos, mas destacou que isso não seria complexo. No Rio, a Laureate é dona do centro universitário IBMR, considerado um ativo fácil de ser vendido para um terceiro.
A avaliação é que, mesmo com Cade determinando a venda das unidades de Salvador e Natal, a transação continua sendo interessante à Yduqs. Caso saia vencedora da disputa pela Laureate, que conta com 267 mil matriculados e marcas como Anhembi Morumbi e FMU, o grupo carioca passa a ter cerca de 1 milhão de alunos e assume a liderança do setor que hoje pertence à Cogna (SA:COGN3).
A publicação destaca que o Cade avalia outros pontos além da participação em cada região, como o tamanho do mercado e a presença de rivais. Em Porto Alegre, 37,7% dos alunos estudam na Laureate, 2,8% em faculdades da Yduqs e 59,5% em outras instituições. Em Mossoró (RN), o grupo americano detém 77% do mercado, mas como a cidade é pequena, tem menos de 10 mil alunos.
O raciocínio também vale para cidades grandes, como São Paulo, que possui 604,2 mil alunos. Mesmo que os dois maiores grupos da capital paulista - Laureate e Cruzeiro do Sul, com 17,2% e 8,7%, respectivamente - se juntassem não haveria problemas com o Cade porque São Paulo é um mercado muito grande, disse Klein.
Segundo o Valor, a Yduqs e a Ânima devem apresentar suas ofertas no último dia, em 13 de outubro. Assim pretendem evitar um leilão por parte do vendedor. Até lá, não há espaço para qualquer negociação, seja de governança ou garantias financeiras.
A Ser Educacional tem a opção de cobrir a proposta das duas concorrentes. Caso desista ou a Laureate opte por outra oferta, a Ser receberá R$ 180 milhões como indenização.