(Reuters) - A agência de classificação de risco Standard and Poor´s reafirmou o rating de longo prazo em moeda estrangeira "BB-" do Brasil, mas apontou que a agenda de reformas fiscais no país tem evoluído de maneira lenta e que os próximos dois anos ainda deverão ser de déficits significativos nas contas públicas.
A agência avaliou que maiores rombos fiscais estão exercendo pressões de financiamento sobre o governo, num contexto em que a pandemia de Covid-19 exacerbou importantes fraquezas estruturais do Brasil, sobretudo baixo crescimento econômico e elevado custo do serviço da dívida.
A S&P projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) vai retrair 4,7% em 2020 e crescer 3,2% em 2021.
A S&P destacou os desafios do país em fazer avançar sua agenda de reformas, salientando a falta de uma coalizão sólida no Congresso e a janela apertada para votações, tendo em vista a eleição presidencial de 2022.
"No curto prazo, uma prioridade legislativa é a aprovação de uma reforma fiscal, que buscaria abordar a premente questão de um potencial descumprimento do teto de gastos públicos", disse a agência.
Além de manter o rating, a agência repetiu a perspectiva estável --ou seja, de manutenção da nota de crédito no atual patamar--, considerando que uma implementação oportuna de ajuste fiscal e uma modesta recuperação econômica ajudarão a preservar a confiança do mercado.
Em 2021, o Brasil enfrenta o significativo desafio de desfazer as medidas de estímulo fiscal implementadas neste ano de pandemia, disse a agência.
O rating "BB-" atribuído ao Brasil pela S&P deixa o país no chamado status "junk", compatível com maior percepção de risco de crédito. O país também é considerado em grau especulativo por Moody's Investors Service e Fitch Ratings.
A Fitch manteve em meados de novembro o rating "BB-" para o Brasil, com perspectiva negativa. Na semana passada, a agência melhorou sua previsão para o desempenho da economia do Brasil neste ano, mas reduziu a expectativa para 2021.
A Moody's atribui nota "Ba2", com perspectiva estável, com a última atualização ocorrendo em maio.
(Texto de José de Castro)